MPF denuncia nove pessoas pelo comércio ilegal de objetos de marfim na Feira do MASP

MPF denuncia nove pessoas pelo comércio ilegal de objetos de marfim na Feira do MASP
Imagem: Divulgação

O Ministério Público Federal (MPF) apresentou acusações formais contra nove indivíduos envolvidos no comércio ilícito de peças feitas de marfim, provenientes de elefantes e outros animais exóticos.

A denúncia, oficializada nesta terça-feira (5), solicita a condenação dos acusados por receptação e contrabando, especificamente por expor à venda ou armazenar mercadorias proibidas pelas leis brasileiras. Esta ação judicial do Ministério Público é fundamentada em evidências e documentos coletados durante a Operação Marfim, que investigou um grupo envolvido na comercialização ilegal dessas peças em São Paulo.

Comercialização na Feira do Masp e em joalheria irregular

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A investigação revelou que sete dos réus expunham e vendiam objetos contrabandeados na Feira do Vão Livre do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). Outros dois acusados conduziam a venda de peças de marfim em uma joalheria da capital, sem autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e sem documentos que comprovassem a origem do material. 

A legislação brasileira proíbe o comércio dessas mercadorias, uma vez que são produtos ou subprodutos de animais exóticos listados na Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites).

Apreensões realizadas pela Polícia Federal em 2020 e 2021

Em 2020 e 2021, durante cumprimento de mandados de busca e apreensão na Operação Marfim, a Polícia Federal confiscou mais de 200 objetos produzidos em marfim nos endereços residenciais e comerciais dos acusados. Esses itens incluíam esculturas, colares, brincos, anéis, pingentes, facas e punhais com cabo confeccionado com o material exótico. 

Peritos confirmaram, por meio de análises, que muitos desses objetos eram feitos a partir de marfim de elefante, enquanto outras peças foram identificadas como produzidas com material de elefante ou mamute.

Impacto ambiental 

A procuradora da República Suzana Fairbanks Lima de Oliveira, responsável pela denúncia, destacou que “o comércio ilegal e contrabando de marfim provocam uma violência aos animais, como elefantes, que não pode ser relativizada pela produção de adornos e objetos decorativos.” 

Para o Ministério Público, todos os denunciados mantinham uma prática frequente, habitual e profissional de expor à venda peças de marfim sem autorização do órgão competente.

Possíveis consequências legais

A Convenção Cites, à qual o Brasil é signatário, regulamenta o comércio internacional de fauna e flora silvestres. 

O documento estabelece sistemas de certificados e licenças para o controle do comércio e transporte de espécies ameaçadas de extinção, como é o caso dos elefantes utilizados para a extração de marfim.

Na decisão que aceitou a denúncia, a Justiça Federal destacou a existência de indícios de autoria dos crimes pelos acusados, considerando que as informações do processo indicam que os objetos e produtos encontrados não estavam em conformidade com as exigências legais para importação e comercialização de mercadorias provenientes de animais exóticos.

Em caso de condenação, as penas acumuladas por receptação qualificada e contrabando de mercadorias proibidas pela lei brasileira podem atingir até 13 anos de reclusão, além de multa, para cada um dos réus.

Por Evelyn da Silva Gonçalves

Fonte: Canal Ciências Criminais