ONG que resgata cavalos precisa de ajuda para concluir santuário no RS

ONG que resgata cavalos precisa de ajuda para concluir santuário no RS
Associação Pé de Chulé precisa de ajuda para fornecer cuidados a animais vítimas de maus-tratos. Foto: Associação Pé de Chulé

Ao perceberem a necessidade por resgates de animais de grande porte, como os equinos, 14 amigos de Porto Alegre (RS), uniram forças para fundar a Associação Pé de Chulé , ONG focada principalmente no resgate de cavalos em situação de abandono e maus-tratos, mas que também atua no resgate de animais como bois, porcos e, claro, cães e gatos.

Tudo começou em 2015, quando houve uma grande inundação na região metropolitana da capital gaúcha e os amigos começando a reunir roupas e alimentos para as pessoas afetadas pela enchente. Foi quando perceberam que havia muitas pessoas cuidado de pessoas e vários animais de estimação abandonados à própria sorte; e decidiram acolhê-los.

Para ajudar com qualquer valor basta acessar o link da campanha e participar.

Atuando no resgate de cães e gatos, passaram a receber pedidos de resgate também para cavalos. Quando perceberam que esses grandes animais, muitas vezes, eram invisíveis para a sociedade, decidiram focar os esforços também para o resgate dos equinos. Em fevereiro de 2018 foi fundada a Associação Pé de Chulé.

A ONG não recebe ajuda de órgãos públicos ou privados, atuando somente com o auxílio de voluntários e doações. Atualmente são 12 membros a frente da Pé de Chulé. O Canal do Pet conversou com o cofundador e vice-presidente, Alexandre Giordani, que atua também na parte jurídica e administrativa da instituição.

“Todos nós [fundadores] pagamos uma mensalidade para a ONG. Ela vive de nós e não nós dela”, diz Alexandre. “Todos nós temos profissões e doamos o nosso tempo para a causa animal. Dois de nós abandonaram suas profissões e hoje vivem no sítio cuidando dos 71 animais que temos lá hoje, ao lado de nossa veterinária e estagiaria de veterinária”.

É possível conhecer o trabalho da Pé de Chulé por meio das páginas no Facebook e no Instagram.

O principal foco é a mudança para um espaço maior

 
 
 
 
 
Ver essa foto no Instagram
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Uma publicação compartilhada por ONG Pé de Chulé (@grupopedechule)

Em dezembro de 2020, a ONG precisou se mudar para um local maior, onde poderiam abrigar as dezenas de animais resgatados. Para isso precisaram adaptar o ambiente para os animais em recuperação e construir baias com UTI, onde são realizados os atendimentos de animais mais debilitados.

Contudo, devido à alta demanda com alimentação e cuidados médicos, não sobra verba suficiente para a manutenção e ampliação da estrutura.

Além dos cavalos, há também bois e porcos que seriam enviados para matadouros e foram acolhidos no local. “Nós temos ainda alguns patos e galinhas. Todos nós os resgatamos de locais onde estavam abandonados ou seriam mortos”, conta Alexandre, que destaca: “Todos nós [da ONG] somos vegetarianos, porque é incompatível você resgatar um animal e depois comemorar comendo churrasco”.

Apesar de recolherem também outros animais, o principal foco são os equinos. A ONG atua em municípios próximos a Porto Alegre, onde há uma lei que proíbe o uso de VTAs (Veículos de Tração Animal). Mesmo com a proibição, órgãos como o EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação) não conseguem fiscalizar tudo e muitas pessoas ainda usam os animais para transporte de grandes cargas.

Atuando em quase todo o Rio Grande do Sul, a ONG também acolhe animais resgatados em operações públicas.

A negligência que leva à morte

 
 
 
 
 
Ver essa foto no Instagram
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Uma publicação compartilhada por ONG Pé de Chulé (@grupopedechule)

“A maioria dos carroceiros utilizam o animal até a quase morte. Quando o animal já não consegue mais andar, eles simplesmente retiram a carroça e deixam o cavalo abandonado em via pública. É só aí que as pessoas começam a chamar para o resgate, onde existem as leis que proíbem as VTAs”, diz Alexandre. “Onde existem órgãos de acolhimento nós acionamos, cobramos e fiscalizamos. Na maioria das vezes eles recolhem e levam para setores de cuidados, mas naqueles que se omitem, nós vamos até lá e acolhemos esses animais, levando-os para a nossa própria sede, onde a nossa veterinária faz todo o trabalho de recuperação”.

Muitos animais não sobrevivem após os resgates por receberem por muito tempo uma alimentação baseada em milhos e outros alimentos inadequados para cavalos.

Os resgates que viram caso de polícia

Atuando em toda a região metropolitana de Porto Alegre e municípios mais afastados, a cerca de 200 km, a ONG atende a pedidos de resgate de animais abandonados ou em situação de maus-tratos.

“Quando conseguimos identificar o carroceiro que maltratou o animal, registramos uma ocorrência para que ele responda criminalmente por isso”, explica o advogado. “A nossa veterinária faz todo um laudo para que nós possamos recuperar esses animais”.

 
 
 
 
 
Ver essa foto no Instagram
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Uma publicação compartilhada por Brasil Contra a Farra – BCF (@brasilcontrafarra)

Quando o resgate acontece em uma região considerada perigosa, a Guarda Municipal ou Polícia Militar é acionada para que seja realizada uma assistência. “Nós já fomos escoltados várias vezes para que pudéssemos resgatar alguns animais”, conta Alexandre.

O cofundador da ONG lembra de situações bem peculiares pelas quais já passaram ao acolher animais vítimas de violência. “Já aconteceu de nós irmos até uma região de tráfico, onde nem a polícia subia, e conseguimos uma autorização do chefe do tráfico para que nos acompanhassem em segurança durante o resgate”.

Trabalho de conscientização

Além dos resgates, a Pé de Chulé também realiza um trabalho de conscientização sobre a causa animal. “Nós conversamos com a pessoa para mostrar que ela não tem a mínima condição de manter aquele animal que está sob maus-tratos. A veterinária faz um atendimento para mostrar o que há de errado”, continua Alexandre.

“Encontramos muitos animais em condições absurdas. São fraturas nas patas, nos olhos, nos dentes, entre outras. Nessas hipóteses esses animais são doados, com a documentação, para que possamos acolher em nossa sede. Em algumas situações também ajudamos com cesta básica e acompanhamento”.

Quando não acontece um acordo, a Polícia Militar é acionada para que o animal possa ser resgatado.

“Há algumas semanas, a presidente da ONG, Ana Paula, estava vindo para a sede quando encontrou uma carroça com excesso de peso. Ela imediatamente chamou a EPTC e, após uma discussão, o animal foi recolhido e hoje está sob os nossos cuidados”, conta. Assista ao vídeo:

Como funcionam as adoções de cavalos

Assim como em abrigos de cães e gatos, os cavalos também ficam disponíveis para encontrar um novo lar quando já estão totalmente recuperados, mas há todo um cuidado. Os cavalos não são doados; na verdade, tudo acontece por meio de um acordo de guarda responsável.

Os pretendentes a adotantes passam por entrevistas divididas por etapas, sendo a primeira em conversa por estrito e a segunda de forma presencial. Após isso, uma equipe da ONG vai ao local ver se há um espaço adequado e condições para que o animal continue recebendo todos os cuidados necessário.

 
 
 
 
 
Ver essa foto no Instagram
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Uma publicação compartilhada por ONG Pé de Chulé (@grupopedechule)

“A ONG continua como a tutora do animal e apenas fornecemos a guarda. Se nós doássemos o animal, a pessoa passaria a ser a proprietária dele e teríamos um problema caso esse animal estivesse novamente em maus-tratos”.

Mesmo quando um animal deixa a sede da Pé de Chulé e segue para o novo lar, a ONG continua como a tutora e realizando consultorias em relação a alimentação e um acompanhamento veterinário periódico para certificar de que o equino está em boas condições.

“Um dos pré requisitos é que os animais jamais sejam colocados para tração e montaria. Todos eles são animais libertos”, garante.

As principais necessidades da Pé de Chulé no momento

  • Concluir as duas baias da UTI, feitas para prestar atendimento de alta complexidade para animais debilitados e que precisam de isolamento
  • Comprar tapetes emborrachados para as baias UTI, visto que os animais internados ali estão muito debilitados e podem cair no chão (mesmo com sustentação da talha). Com o tapete, a queda é amortecida e impede o animal de desenvolver novas fraturas e ferimentos
  • Terminar a expansão das baias normais, onde ficam os casos de menor complexidade (animais idosos, com deficiência e outros)
  • Trocar as telhas das baias que estão com furos e causam goteiras e alagamentos nas cocheiras durante as chuvas, o que representa grande risco aos animais em tratamento.
  • Reformar e concluir o cercamento, para evitar que os cavalos caiam em lagos e açudes espalhados pela propriedade
  • Reformar o canil onde dormem os cachorros que foram acolhidos pela ONG

Por Renan Tafarel

Fonte: Canal do Pet

Os comentários abaixo não expressam a opinião da ONG Olhar Animal e são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores.