Prefeitura apresenta plano de substituição de carroças em Belo Horizonte

Prefeitura apresenta plano de substituição de carroças em Belo Horizonte
Plano de substituição de veículos de tração animal foi apresentado hoje, em Belo Horizonte. — Foto: Amira Hissa/PBH

A Prefeitura de Belo Horizonte (MG) apresentou, nesta quinta-feira (22), o Plano de Substituição de Veículos de Tração Animal. O uso dos cavalos para trabalho nas carroças será proibido na capital mineira a partir de 22 de janeiro de 2026.

O documento foi elaborado por uma comissão com integrantes de diversas áreas do município. A proposta é baseada em dois eixos:

  1. qualificação profissional dos carroceiros e seus familiares, por meio de cursos profissionalizantes e também auxílio na busca por vagas no mercado formal, além de aulas de informática e legislação para a retirada de Carteira Nacional de Habilitação (CNH);
  2. promoção do bem-estar animal, com vacinação, “microchipagem” e encaminhamento para adoção, caso os proprietários não queiram permanecer com a posse responsável.
Plano será encaminhado para as associações dos carroceiros e dos movimentos de defesa dos animais — Foto: TV Globo/Reprodução
Plano será encaminhado para as associações dos carroceiros e dos movimentos de defesa dos animais — Foto: TV Globo/Reprodução

Segundo a prefeitura, a partir de março, será feito um censo socioeconômico com a comunidade carroceira. Até 2025, também haverá um trabalho focado na capacitação dos trabalhadores para que a lei seja cumprida no ano seguinte.

“Fizemos uma parceria com a Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), que tem pesquisas e proximidade com a comunidade carroceira, e vamos levantar as demandas necessárias. É um censo que vai levar em conta as particularidades dessas famílias e ver de que forma a prefeitura pode ajudar”, explicou o subsecretário municipal de Trabalho e Emprego de Belo Horizonte, Luiz Otávio Fonseca.

O plano será encaminhado para as associações de carroceiros e dos movimentos de defesa dos animais.

Impactos

De acordo com o professor da UEMG Emmanuel Almada, doutor em ambiente e sociedade, desde 2017 a universidade realiza pesquisas e atua com a comunidade carroceira em Belo Horizonte e Região Metropolitana. Para ele, a proibição da atividade com animais de tração é inconstitucional.

Na avaliação do professor, o censo que vai promover um diagnóstico da realidade dessas famílias deveria ter sido feito antes da aprovação da lei.

“A gente entende que, quando a lei começar a vigorar, não vai ter uma transição que de fato seja tranquila para essa comunidade. Há famílias que trabalham há mais de 40, 50 anos na atividade. A relação com esses animais é para além do econômico. Vai ter um impacto muito grande sobre este modo de vida”, explicou Emmanuel Almada.

Além do censo, reuniões serão feitas para a execução das alterações necessárias no plano de transição. A comunidade carroceira pretende participar ativamente dessas discussões e não concorda com o que foi imposto pela aprovação da lei.

“Nós não concordamos com essa transição e não vemos benefícios nisso. Essa troca de emprego que estão nos oferecendo não se adequa ao nosso modo de vida. Não só apenas a nossa classe, mas outras comunidades tradicionais, como quilombolas e também ciganos, vão sofrer. A nossa situação final é procurar meios na Justiça pra ver se reverte essa situação”, disse o presidente da Associação dos Carroceiros e Carroceiras da Região Metropolitana de Belo Horizonte, Sebastião Alves de Lima.

Prazo reduzido

No ano passado, o prazo para a proibição do uso de tração animal para trabalho foi reduzido. A lei aprovada antes determinava o fim da atividade em 22 de janeiro de 2031. Agora, a data é 22 de janeiro de 2026.

O autor da lei que promoveu a redução do prazo é o vereador Wanderley Porto (PRB), que também participou da elaboração do plano de transição apresentado nesta quinta-feira (22).

“Até o momento, o que foi oferecido promove capacitação, emprego e renda, e o plano de transição está aberto a discussões e mudanças. E o importante é que, além dos carroceiros, o plano também prevê o que será feito com os cavalos. Não é proibido ter o cavalo e sim usá-lo para trabalho. Estamos preocupados também com o abandono dos animais”, explicou o vereador Wanderley Porto, do PRB.

Por Ana Carolina Ferreira

Fonte: g1

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