Presa em parque aquático: os maus-tratos à única orca em cativeiro na América do Sul viralizaram

Presa em parque aquático: os maus-tratos à única orca em cativeiro na América do Sul viralizaram
Desde 1992 vivendo em uma piscina de apenas 12 metros de diâmetro

Com 32 anos de exploração e cativeiro, a orca Kshamenk tornou-se um símbolo da luta pelos direitos dos animais na Argentina e no mundo, sendo a única orca que ainda está em cativeiro em toda a América do Sul.

O caso reuniu quase 700 mil assinaturas e chegou ao Congresso Nacional exigindo o fim dos shows com fauna marinha silvestre em todo o país. Agora, um video da ONG canadense UrgentSeas levou a sua histórias aos meios internacionais, graças à viralização de um vídeo (que já foi reproduzido mais de 2 milhões de vezes), gravado com um drone onde se pod ever as condições inadequadas nas quais ele vive e sua exploração comercial por parte do parque Mundo Marino.

 

 
 
 
 
 
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Neste contexto, há poucos dias, e após repetidas denúncias, o maior parque aquático da Flórida, Estados Unidos, o Miami Seaquarium, foi instado pela justiça daquele país a parar de funcionar e cessar a exploração dos animais que ali vivem. Assim, a empresa Dolphin Company foi fechada por crueldade contra animais, além de repetidas mortes de animais, incluindo a famosa orca Lolita.

Kshamenk, um macho de 34 anos que mede 6,2 metros e 4 toneladas, vive em piscinas de apenas 12 metros de diâmetro desde 1992, dividindo espaço com um golfinho chamado Floppy. Imagens recentes de drones da UrgentSeas mostram a grave deterioração de sua saúde, intensificando os pedidos de sua libertação ou realocação.

A captura de Kshamenk e outras orcas em 1992 na Baía de Samborombón, onde duas morreram e outra foi libertada por ser muito grande, levantou suspeitas de captura intencional. Desde a morte de Belén, outra orca que compartilhava o seu tanque, Kshamenk não teve contato com a sua espécie, vivendo apenas com golfinhos.

Diante dessa situação, a associação Direitos dos Animais Marinhos (DAM) representou no Congresso uma ação de proteção coletiva e a iniciativa “Lei Kshamenk”, buscando que a justiça reconheça a orca como sujeito de lei e proibindo shows com animais marinhos, assim como exigindo a reabilitação de Kshamenk.

UrgentSeas, dirigido pelo ativista Phil Demers, foi fundamental para tornar visível esta situação e a de outros animais marinhos em cativeiro em todo o mundo, como o caso de Romeu e Julieta, dois peixes-boi realocados após 6 décadas em pequenos tanques. A sua luta continua pelo fim do abuso de animais e pela libertação de Kshamenk.

“Em 2024, é impossível não ver o cativeiro de Kshamenk como imperdoavelmente brutal. Seria uma tragédia não tentar libertá-lo daquilo que sabemos que será um fim agonizante para a sua triste vida. Ele merece um tratamento humano e digno antes que esqueçamos seu ser maravilhoso e poderoso. O mundo deve a Kshamenk uma vida digna, livre de sofrimento”, resumiu o fundador da UrgentSeas.

Kshamenk foi capturado em 19 de novembro de 1992 na Baía de Samborombón com sua família, num total de quatro orcas. Ele tinha aproximadamente 5 ou 6 anos. Embora o parque Mundo Marino alegue que estes foram resgatados de uma praia local, há suspeitas de que tenham sido capturados intencionalmente. Nessa operação duas orcas morreram e outra foi libertada por ser muito grande.

Durante algum tempo, Kshamenk compartilhou o seu pequeno tanque com Belén, uma orca fêmea adulta, que morreu em 2000. A partir de então, ele não teve contato com outros animais da sua espécie, em vez disso o aquário providenciou para que duas fêmeas de golfinhos, Floppy e Clementina, fossem suas companheiras.

Presa em parque aquático: os maus-tratos à única orca em cativeiro na América do Sul viralizaram

Além da exploração comercial que tem sido feita com animais marinhos, Kshamenk foi submetido a um procedimento de extração de sêmen, que foi vendido ao parque norte-americano Sea World.

Diante desse cenário e corroborando que a saúde de Kshamenk se deteriora a cada dia, a associação Direitos dos Animais Marinhos (DAM) apresentou a ação de proteção coletiva e uma iniciativa chamada “Lei Kshamenk” que chegou ao Congresso em novembro de 2023 e que busca legislar a favor de vida animal, exigindo que a justiça reconheça o caráter inquestionável de sujeito de direito (pessoa não humana) para a orca. Além disso, exige-se a proibição de espetáculos onde sejam utilizados animais marinhos como atração comercial, bem como a reabilitação e/ou reeducação de Kshamenk.

Tradução de Alice Wehrle Gomide

Fonte: AN Digital

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