Protetores se revezam em defesa dos animais em Campinas, SP
Um grupo de 12 protetores de animais fizeram, desde a noite de sábado (8), uma vigília na Rua Cônego Manoel Garcia, no Jardim Chapadão, em Campinas, onde o coronel reformado do Exército José Antônio Prado tem uma casa e outra alugada, e manteria pelo menos 40 cachorros e gatos — 20 em cada local — usados em experimentos. Neste domingo (9) à noite, os ativistas conseguiram retirar os animais que estavam em estado crítico de saúde para levá-los a clínicas veterinárias.
Durante o dia, houve momentos em que os protetores ameaçaram invadir os imóveis para alimentar os bichos e também resgatar um cachorro de pequeno porte que estava sendo agredido por cachorros maiores. “É crueldade o que este coronel está fazendo com esses animais. Desde que chegamos aqui, só escutamos latidos e briga entre os cachorros. Eles estão famintos e podem atacar um ao outro”, disse o advogado André Luiz. O grupo chamou a Guarda Municipal (GM) para ajudá-los a invadir os imóveis. Como os guardas não tinham autorização da Justiça, chamaram o delegado de plantão do 4º Distrito Policial (DP), que foi no local por volta das 19h de ontem e declarou a situação como crime.
A perícia foi acionada para os locais e uma viatura da Polícia Militar (PM) deslocada para preservar a área até a manhã de hoje, quando medidas judiciais poderão ser adotadas.
O grupo chegou no local na noite do sábado após receber informações nas redes sociais de que o coronel planejava retirar os animais dos imóveis e levá-los para uma chácara em Araras. Em protesto, logo que chegaram no local os protetores se amarraram com uma corda e ficaram até por volta das 3h30. Após esse horário, o grupo se dividiu e revezou na vigília. Segundo eles, durante o período em que ficaram na frente da casa, os cachorros se atracaram e um deles chorou a noite toda. “A gente não sabe o que está acontecendo lá”, disse a enfermeira Marynes Silva, do Abrigo Adorável Vira-Lata. Na casa que é apontada como sendo do coronel, por volta das 14h, um funcionário surgiu no quintal e disse que havia colocado ração e água para os cachorros No quintal da frente, havia oito cachorros adultos e ao menos cinco filhotes no quintal lateral, mas o funcionário afirmou que havia mais. Após colocar água em uma travessa, o homem foi embora.
A cerca de 20 metros da casa do coronel, no lado oposto da calçada, existe outro imóvel com mais animais. A casa fica trancada, sem morador. Apenas cachorros e gatos vivem no local. Segundo os protetores, no imóvel a situação dos cães e gatos era ainda pior, já que eles estavam trancados e sem alimentos. Alguns chegaram a subir no telhado para jogar ração para os animais. “Este imóvel foi alugado em outubro de 2015 e nunca passou por limpeza. O mau cheiro é insuportável”, disse um vizinho.
O grupo afirma que vai continuar a vigília nos imóveis para impedir que o coronel tire os animais. A Guarda chegou a fazer contato com o Departamento de proteção e Bem Estar Animal (DPBEA) da Prefeitura, mas o local está superlotado e não pode receber novos animais. A reportagem não conseguiu contato com o coronel. Uma irmã dele diz que ele está com problemas psicológicos, mas não confirma a realização de experimentos.
Por Alenita Ramirez e Raquel Valli