Vinte e um mamíferos marinhos encalharam em Alagoas neste ano

Vinte e um mamíferos marinhos encalharam em Alagoas neste ano
Segundo o Biota, maioria dos animais encalhados foi encontrada em avançado estado de decomposição, o que impossibilitou diagnóstico da causa (Foto: Divulgação)

Desde início do ano até o momento, 21 mamíferos aquáticos encalharam no litoral alagoano. De acordo com o Instituto Biota, foram seis baleias, sendo cinco filhotes da espécie Jubarte, e 15 golfinhos.

Segundo a veterinária e diretora executiva do Instituto Biota, Luciana Santos Medeiros, das baleias encalhadas esse ano, dois filhotes foram encontrados vivos. “Mas infelizmente um deles morreu um dia após a reintrodução”, lamentou.

Luciana disse ainda que a maioria dos animais encontrados encalhados este ano encontravam-se em avançado estado de decomposição e isso impossibilitou o diagnóstico da causa mortis (morte).

“Os casos de morte recente ainda estão sendo analisados e feitos os exames complementares de necropsia para termos um resultado preciso”, explicou a veterinária.

Já em relação as mortes de filhotes, ela explica que é possível que seja pela dependência materna. “Quando os animais se perdem da mãe, não conseguem sobreviver sozinhos”, explicou Luciana Medeiros.

Ainda de acordo com os registros do instituto, foram apenas 12 encalhes em 2016. Esse ano, em apenas dois dias já foram três registros.

REGISTROS

Na última terça-feira (22), um filhote de Jubarte encalhou em um trecho da Praia de Japaratinga, no Litoral Norte de Alagoas.

Os moradores da região realizaram procedimentos de emergência para tentar manter a baleia viva até que fosse devolvida ao mar. Eles fizeram um treinamento com equipes do Instituto Biota de Conservação. Além do Instituto, o Corpo de Bombeiros também foi acionado.

Bruno Stéfanis, presidente do Instituto Biota, informou que conseguiu reintroduzir o mamífero no mar na terceira tentativa. “O bebê ainda tinha o cordão umbilical preso ao corpo. Conseguimos na terceira tentativa. Nas duas primeiras, como a maré estava baixa, ela não conseguiu atravessar a arrebentação das ondas”, contou.

A veterinária do Biota disse que outros registros foram feitos a entidade. “Além desse registro teve outros dois somente entre terça-feira [22] e quarta-feira [23]. Uma encalhou na Praia dos Morros em Passo de Camaragibe e uma outra em Maragogi”, disse Luciana.

A veterinária disse ainda que em julho uma outra encalhou viva em Jequiá da Praia, mas conseguiu voltar para o mar. Em junho, outra baleia encalhou no município de Porto de Pedras e acabou morrendo.

Além do encalhe de baleias e golfinhos, a equipe do Biota disse que é comum os encalhes de tartarugas marinhas em nosso Litoral.

ENCONTRO

Luciana Medeiros informou que equipe do Biota está participando de um encontro nacional de conservação de animais marinhos em Natal. De acordo com ela, o evento tem como objetivo discutir e apresentar resultados das causas de encalhes desses animais. “No encontro várias instituições de todo Brasil que trabalham com a conservação de animais marinhos estão apresentado seus dados.”

“Ainda é um mistério para a ciência”

O oceanógrafo, Gabriel Le Campion, disse que o encalhe de baleias e golfinhos ainda é um mistério para a ciência.

“Nesse período aumenta o trânsito de baleias em migração ao longo de nosso litoral.  A questão dos encalhes de baleias e golfinhos ainda é um mistério para a ciência.  Especula-se de ondas de radar de alta frequência até distúrbios metabólicos. Já o caso de baleias mortas tem causas constatadas que vão de abalroamentos acidentais com navios, pneumonia por poluição das águas e ingestão de plâncton com toxinas. Esses últimos geralmente dinoflagelados que produzem uma toxina (Saxitoxina) extremamente letal. Como o plâncton (principal alimento das baleias) sofrem influências sazonais e entre esses os dinoflagelados que na presença de nutrientes notadamente ricos em ferro solúvel produzem essa toxina. Quando em grande quantidade (bloom) produzem um fenômeno denominado de maré vermelha que é muito tóxica e letal”, explicou o especialista.

Por Lucas França

Fonte: Tribuna Hoje

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