4,65 bilhões de animais foram afetados com as queimadas no Pantanal, apontam pesquisadores

4,65 bilhões de animais foram afetados com as queimadas no Pantanal, apontam pesquisadores
Fauna e flora do Pantanal são afetadas com as queimadas — Foto: Reprodução

O artigo intitulado de “Pantanal está pegando fogo e só uma agenda sustentável pode salvar a maior área úmida do mundo” apresenta números alarmantes sobre as consequências das queimadas de 2020 sobre a fauna pantaneira. De acordo com a pesquisa, os incêndios no bioma afetaram pelo menos 65 milhões de animais vertebrados nativos e 4 bilhões de invertebrados, com base nas densidades de espécies conhecidas.

O período considerado na pesquisa é entre janeiro de 2020 e 11 de junho deste ano, data em que o manuscrito foi divulgado. O artigo é assinado em conjunto por pesquisadores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

De acordo com o artigo, o número de animais atingidos ocasiona “impactos imprevisíveis sobre a biodiversidade, serviços ecológicos e saúde humana”.

Dentre as espécies de animais afetadas com as queimadas, os pesquisadores do Cenap, ICMBio e Embrapa destacam alguns: as onças-pintadas, a águia-solitária-coroada, o tamanduá-bandeira, o cervo-do-pantanal e a arara-azul.

“Os impactos sobre essas espécies podem ser diretos por ferimentos e morte, ou indiretos devido à perda de habitat e escassez de recursos”, frisaram no artigo.

Em 2020, quase 60% dos focos de incêndios no Pantanal foram provocados por ações humanas, segundo estudo apresentado pelos Ministérios Públicos de Mato Grosso do Sul e de Mato Grosso. De acordo com o levantamento, foram 4,5 milhões de hectares do bioma, devastados pelo fogo no ano passado.

Os pesquisadores deixam claro no artigo a preocupação com as mudanças climáticas, que agravam as queimadas no bioma. “Os episódios projetados combinados com as previsões de uma perda de até 74% da vegetação nativa até 2030, aumentam a probabilidade de secas severas no Pantanal e novos eventos catastróficos de incêndios florestais também podem ocorrer”, apontou.

No artigo, os especialistas explicam a relevância do fogo para o ecossistema pantaneiro e para o processo ecológico, porém, afirmam que os incêndios frequentes e em grande escala podem “levar a impactos negativos cumulativos sobre os ecossistemas e serviços ambientais, bem como a resultados sociais e econômicos indesejáveis”.

Sobre a situação que o Pantanal enfrenta, os pesquisadores destacam que “iniciativas de sustentabilidade combinadas são urgentemente necessárias para evitar ou minimizar as tendências atuais, seguindo agendas válidas”.

Diante dos números e dados apresentados pelos pesquisadores da Embrapa, Cenap e ICMBio, eles enfatizam a necessidade da adoção de certas medidas:

  1. Monitoramento contínuo para detecção precoce de risco de incêndio e eventos de incêndio;
  2. O estabelecimento de brigadas de bombeiros em locais estratégicos da região com operação contínua;
  3. Programas de educação da comunidade focados no uso adequado do fogo para fins de manejo;
  4. Aplicação efetiva das políticas de uso do fogo;
  5. Implementação de um centro de resgate-reabilitação de vida selvagem.

Por José Câmara, G1 MS

Fonte: G1


Nota do Olhar Animal: De um lado, fazendeiros que criminosamente queimam o Pantanal pelo lucro, de outro, ambientalistas que tratam os animais não humanos como meras engrenagens ambientais. Assim, o especismo vitimou e continuará vitimando bilhões de indivíduos sencientes, que continuam tendo seus interesses próprios ignorados.

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