Atração em Campo Grande (MS), égua criada com cadela em quintal era o sonho de João

Atração em Campo Grande (MS), égua criada com cadela em quintal era o sonho de João
Luma e Tundra fazendo o que mais gostam: correndo lado a lado. (Foto: Alcides Neto)

Tundra e Luma. Companheiras de quintal que correm, brincam e até comem no mesmo horário. A amizade entre a égua e a cadela começou em dezembro, quando a potra Quarto de Milha foi morar dentro de uma residência no bairro Itanhangá Park.

A cena é daquelas que “só acontecem em Campo Grande mesmo”. No início da manhã ou no final da tarde, Tundra, Luma e João, o tutor das duas, vão até um terreno próximo para ter mais liberdade. Não que em casa não tenha espaço, pelo contrário, só de área externa são 4 mil metros quadrados. E é durante o passeio, feito pela calçada do bairro, que o trio chama atenção.

“Ela ficou famosa, porque eu saio para ela comer lá fora. As pessoas vem tirar foto, pedem para ver”, conta o gerente João Eduardo Oliveira Leal, de 25 anos. O terreno onde elas brincam foi emprestado pelo tutor, que super solícito, foi até a porta de Tundra oferecer o espaço.

No quintal de casa, as duas brincam juntas desde dezembro. (Foto: Alcides Neto)
Até horário para comer tem de ser o mesmo. (Foto: Alcides Neto)

Luma, que hoje tem quatro anos, chegou primeiro à casa, com seis meses de vida, ainda uma filhote de blue heeler, raça de trabalho com gado no pasto. A família é toda voltada ao agronegócio e criador desde a adolescência, o sonho de João quando menino era ter um cavalo dentro de casa.

“A Luma é o xodó da família e a Tundra veio em dezembro para mim. Comprei porque ela estava num rancho e era muito novinha, teve problema no nascimento, sofreu bastante e foi criada como ‘guacha'”, conta o rapaz. O que quer dizer que a mãe de Tundra não conseguiu dar o suporte nutricional necessário e os criadores tiveram de entrar com mamadeira.

Debilitada e mirradinha, Tundra chamou atenção de João no rancho de laço onde frequenta. “Eu brinquei com os meus amigos: ‘vou comprar e levar para dentro da minha casa’ e todo mundo dizia: ‘mas como?’ Eu crio animal há muitos anos, sempre foi sonho trazer um cavalo e criar como um pet”, narra. Foi uma semana com a ideia na cabeça até João pegar o telefone e acertar com o proprietário.

Quando chegou, Tundra era muito quietinha, só se movia para comer ração. Mas bastou se sentir fortalecida, para se mostrar curiosa e tentar entrar dentro de casa. As brincadeiras entre as duas foram incentivadas para que a potra ficasse ainda mais forte.

João tinha o sonho de criar um cavalo no quintal de casa e conseguiu realizar. (Foto: Alcides Neto)
Luma veio primeiro, chegou há quatro anos, com seis meses de idade. (Foto: Alcides Neto)

 

 

 

 

 

De início, Luma morria de ciúmes de Tundra, mas João usou a raça da cadela a seu favor. “Começamos a usar a Luma para ela correr, despertar e esticar a musculatura da Tundra”, explica o gerente. Só que não demorou muito para a potra se virar contra a cadela. “A gente achou que daria problema, mas as duas começaram a brincar e ficou assim, a Luma é protetora, fica em volta da Tundra e não larga”, descreve.

Os dias em casa estão contados. Tundra tem 1 ano e assim como o crescimento vem, a necessidade dela ser domada, também. “Ela veio para matar um sonho e acabou se tornando uma coisa muito maior. Eu sempre ouvi histórias de cavalos criados com pets e hoje em dia ele é considerado um pet, já não é mais animal de trabalho, como se dizia”, avalia João.

O rapaz não tinha noção da proporção do carinho que uma ia ter para com a outra. “Nosso medo agora vai ser a adaptação da Luma”, admite.

A relação das duas ensinaram ao tutor o que os animais têm de mais precioso, a amizade independentemente de raça. “O cavalo sempre foi considerado um animal rural e depois que eu trouxe para cá, descobri que eles são muito mais que isso e tem tanto sentimento quanto um cachorro. A Tundra demonstra amor igual à Luma e a amizade delas mostra que diferente de raça, é uma amizade”, reflete o tutor.

E para os que apontam o dedo sobre os maus-tratos na criação de animais, João Eduardo explica que o que fez pela Tundra é exatamente o oposto. “Ela não deu uma potra boa de inicial, era muito mirrada, introvertida e a gente resolveu dar uma chance para o animal. É o que a gente faz que fez, hoje em dia, ela ser quem ela é: a alegria da minha família, a nossa união”, resume.

João sai agradecido da nossa conversa. Apaixonado pelas duas, se diz suspeito para confirmar o que a gente diz: o quanto elas são lindas juntas.

Xodó da família, hoje a dupla é a maior alegria da casa. (Foto: Alcides Neto)

Por Paula Maciulevicius

Fonte: Campo Grande News

Os comentários abaixo não expressam a opinião da ONG Olhar Animal e são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *