Cadela volta a andar após receber tratamento com células-tronco, no ES
Uma cadela voltou a andar depois de receber tratamento com células-tronco, no Espírito Santo. Soneca ficou paraplégica depois de levar um coice de um animal, em 2014, na fazenda onde nasceu que pertence a uma universidade de Vila Velha, no Espírito Santo. Nos cinco anos de terapia, ela já recebeu 10 aplicações de células e muitas sessões de fisioterapia.
A Soneca nasceu na fazenda da Universidade de Vila Velha (UVV), usada por estudantes de cursos como o de Medicina Veterinária. Lá, segundo a dona dela, Lorena Oliveira, de 23 anos, ela levou um coice de um animal de grande porte há cinco anos. Com uma lesão na medula, ela perdeu o movimento das patas traseiras e rabo.
Por causa da fratura, o animal foi levado para o Hospital Veterinário da faculdade para receber tratamento com medicamentos. Como não tiveram progressão do caso clínico dela, a cadela recebeu infusões de células tronco.
“No final de 2014, foram feitas duas aplicações de célula tronco e ela teve melhora clínica. Com isso, ela conseguiu voltar a ficar em pé, mas era uma mobilidade debilitada. Ela não andava direito ainda, arrastava muito a perninha, mas não conseguia dar os passinhos”, disse.
Adoção
Foi durante o tratamento que a cadelinha foi adotada por Lorena, que, na época, estava no segundo período da faculdade de Medicina Veterinária e fazia estágio na unidade. A princípio, ela disse para a família que seria um lar temporário e que procuraria um novo dono para Soneca.
“Eles foram pegando amor por ela. A Soneca é muito carinhosa. Ela tem um olhar de gratidão. É muito maravilhosa”, declara a veterinária.
Após a aplicação das células-tronco, Lorena começou a estagiar em uma clínica de fisioterapia animal, onde aplicou um tratamento intensivo na cadela por seis meses.
Na fisioterapia, Soneca, ou Sossô como Lorena prefere chamá-la, melhorou a capacidade se locomover. Ela voltou a sentir e dar passo com a pata direita, que estava mais comprometida, e mexer o rabo.
“Ela fazia alongamento, esteira aquática e exercícios para equilíbrio”, contou a dona que até hoje leva a cadela na praia para exercitar as patas. “Ela adora!”.
Conclusão de curso
No fim do curso de Veterinária, Lorena decidiu usar a história de recuperação do pet como tema do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Durante o estágio supervisionado, novas tentativas de tratamento foram feitas, o que fez com que o animal progredisse ainda mais.
VÍDEO: Soneca nada como forma de recuperar o movimento de patas, no ES
“A professora propôs que a gente fizesse mais aplicações de células-tronco. Fizemos mais oito aplicações na veia e no joelho direito em seis meses, já cinco anos depois do trauma, para que ela diminuísse a contratura muscular. Foi observada melhora na mobilidade e amplitude de movimento da articulação do joelho no membro pélvico direito”, explicou.
Antes do tratamento, a cadela ainda tinha dificuldade para urinar e incontinência intestinal.
A dedicação de Lorena, que está desde o segundo período envolvida com Sossô, emocionou a banca.
“Mostrei vídeos e fotos de antes e depois e a banca quase chorou. Ela melhorou muito a qualidade de vida, porque a recuperação foi muito difícil no quadro que ela tinha, tanto que até hoje ela tem sequela. A melhora clínica dela foi surpreendente, para todo mundo que recebeu ela no hospital foi uma surpresa”, contou.
VÍDEO: Cadela brinca e chupa picolé após tratamento de paraplegia, no ES
Tratamento
A Soneca foi a primeira paciente do projeto com paraplegia, quando a universidade estava montando o laboratório.
Atualmente, o local atende cachorros, gatos, equinos e animais silvestres que necessitam de reabilitação e tratamento com células-tronco, com sequelas de doenças (como cinomose), traumas, atropelamentos e outros tipos de acidentes.
Para conseguir uma consulta, a professora de Medicina Veterinária que coordena o projeto, Betânia Monteiro, disse que interessados podem entrar em contato com o Hospital Veterinário da universidade ou com o Laboratório de Células Tronco e Terapia Celular pelo telefone (27) 99887-3500 ou pelo email [email protected].
VÍDEO: Tratamento com células-tronco ajuda cadela a voltar a andar, no ES
“A gente agenda horário de atendimento e avalia a doença que o animal tem para ver se a terapia celular vai ser indicada para esse paciente. Se o procedimento for indicado, eu explico como é a interação da célula-tronco no organismo do paciente”, contou a professora.
Para que seja completa a melhoria da saúde do animal na recuperação da locomoção, Betânia explica que é necessário atrelar a cirurgia com tratamentos como a acupuntura, fisioterapia, ozonoterapia.
O custo do procedimento é avaliado conforme a condição de quem procura. “Quando o paciente é de proprietários carentes, ONGs ou adotantes, a gente não cobra e acaba usando os resultados para fins acadêmicos”, explicou Betânia. Ela contou que apenas neste ano 23 pacientes já foram atendidos pelo programa.
Por Naiara Arpini e Luiza Marcondes, G1 ES
Fonte: G1