Defensores de animais tentam acabar com fogos de artifício que fazem barulho

Defensores de animais tentam acabar com fogos de artifício que fazem barulho
Gato assustado ou à espreita — Foto: Thomas Bormans no unsplash

Barulho de explosões, clarões fortes, partículas poluentes espalhadas pela área. Esses efeitos dos fogos de artifício representam risco e transtorno para animais de estimação, animais silvestres e também a pessoas com condições específicas, incluindo algumas na Desordem no Espectro do Autismo (DSA). Para acabar com fogos com estampido, personalidades públicas que defendem a causa dos animais, como Luisa Mell , estão em campanha aberta com entidades como Ampara Animal e Petlove no Movimento #chegadefogos, que começou em novembro, pouco antes do início da Copa do Mundo.

“No Estado de São Paulo, já temos uma Lei sancionada contra os fogos com estampido. No entanto, fabricantes continuam produzindo estes artefatos, possibilitando que as pessoas os comprem com facilidade. Sabemos que a fiscalização em relação à soltura é ineficiente, por isso queremos trabalhar não somente com a proibição definitiva da fabricação de fogos com estampido, mas cobrando também a fiscalização dos órgãos responsáveis de modo que a Lei seja cumprida rigorosamente, seja durante partidas de futebol, festas populares ou comemorações de fim de ano”, afirmam os organizadores do movimento (que conta com um abaixo-assinado).

Fala-se em fogos “de estampido” porque existem fogos de artifício silenciosos, que oferecem o show de luzes sem fazer o barulho. Já houve testes com esses fogos em Estocolmo, na Suécia, em Collecchio, na Itália, e outras cidades.

Pesquisa divulgada em novembro pela Petlove com 1,2 mil tutores de cães e gatos no Brasil revelou que 85% dos pets têm medo dos fogos de artifício. De acordo com o estudo, a maioria dos pets apresenta mais de um sinal de que algo não vai bem quando esses eventos ocorrem, sendo que 73% dos afetados tentam se esconder, 58% se mostram assustados ou “perdidos” mesmo em seu ambiente normal e 52% apresentam tremores decorrentes da situação de pânico. Tentativas de fuga e busca por colo dos tutores aparecem em seguida, em 37% e 36% dos casos, respectivamente.

Audrey Cook, professora da Escola A&M de Medicina Veterinária e Ciências Biomédicas do Texas (Estados Unidos), lembra que animais domésticos como cães e gatos têm sentidos aguçados, ou seja, fogos são ainda mais assustadores para eles. A pesquisadora afirma que donos de pets devem evitar soltar fogos a partir de casa. “A melhor coisa a fazer é manter os fogos de artifício bem longe dos animais de estimação”, diz Cook.

Aos donos de pets que buscam proteger seus animais em áreas com muita atividade de fogos de artifício, Cook sugere aos tutores minimizar a luz e o som dos fogos de artifício nas proximidades, especialmente para animais de estimação ansiosos. “Feche as cortinas e deixe as luzes acesas para minimizar o efeito dos fogos de artifício e coloque música ou TV para abafar o barulho”, diz Cook. A Petlove também sugere criar um esconderijo em casa onde o animal se sinta mais seguro.

Alguns cães podem ficar extremamente ansiosos ou assustados, além de apresentar tremores. Se o animal de estimação tem esse histórico e você mora em uma área com grande concentração de disparos de fogos de artifício, Cook recomenda conversar com seu veterinário para determinar se há uma medicação que pode ajudar a reduzir a ansiedade do animal. “Existem muitos medicamentos que podem ser administrados com segurança pelos proprietários no ambiente doméstico”, disse Cook. “Valeria a pena, no entanto, tentar uma dose em casa em um fim de semana rotineiro para avaliar o efeito das drogas.”

As ameaças dos fogos não são apenas o som das explosões e a luminosidade. Uma pesquisa realizada na Califórnia, nos Estados Unidos, em 2019 e 2020 no dia 4 de Julho, no qual se comemora a independência do País, revelou o aumento em dez vezes o nível de material particulado no ar logo após os fogos de artifício explodirem, mostrando um sério risco à saúde respiratória. “Tais descobertas reforçam as evidências de que os fogos de artifício são os principais contribuintes para a poluição ambiental durante o feriado de 4 de Julho”, afirmam os pesquisadores da Universidade da Califórnia.

Segundo o estudo, picos de concentração de poluentes na comemoração da Independência se espalharam por todo o Estado, afetando principalmente populações de grupos minoritários, crianças e residentes idosos e pessoas com asma. Os pesquisadores ressaltam a importância de regras para se coibir os fogos de artifício no País.

Fonte: Um Só Planeta

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