Em uma vitória para os animais, projeto de lei cruel sobre recompensas para caça aos guaxinins fracassa em estado norte-americano

Em uma vitória para os animais, projeto de lei cruel sobre recompensas para caça aos guaxinins fracassa em estado norte-americano
Foto: BornFreeUSA/HSI/The HSUS

Como resultado de uma forte oposição de nossa equipe e de defensores da vida selvagem, um projeto de lei foi recentemente derrotado pela legislatura estadual de Iowa que teria usado os dólares dos contribuintes para incentivar que moradores de Iowa matassem guaxinins. De acordo com o programa proposto – que deveria custar aos contribuintes de Iowa o custo de US$ 860.000 por ano – participantes teriam um voucher de US$5, por cada rabo de guaxinim que eles encaminhassem para o Departamento de Recursos Naturais de Iowa durante o “evento mensal de coletar o rabo do guaxinim”.

Um programa desse tipo teria constituído abuso animal autorizado pelo estado: milhares de guaxinins poderiam ser submetidos a armadilhas dolorosas e terríveis, espancados até a morte e esfolados por nada mais do que cinco dólares.

A legislação era baseada na falsa premissa de que uma recompensa impediria guaxinins de comer o milho e a soja do Iowa. O autor do projeto de lei especulou que a população de guaxinins no estado estava crescendo porque não havia pessoas suficientes para matá-los e vendê-los para um mercado de pele diminuído.

Como muitos estados, Iowa tem gastado milhões de dólares em recompensas pela vida selvagem; nenhuma conseguiu reduzir com sucesso os conflitos com fazendeiros ou donos de terra ou serviu para qualquer outro propósito legítimo de gestão. Em 2019, a vizinha Dakota do Sul lançou um horrível “Programa de Recompensa de Predador de Ninho” que premiava US$ 10 por cada rabo de guaxinim, raposa vermelha, gambá, texugo e gambá listrado morto por residentes, ao mesmo tempo que distribuem milhares de armadilhas gratuitas para a vida selvagem e encorajando crianças a partir de 3 anos de idade para participarem da carnificina. No primeiro programa do ano, moradores de Dakota do Sul mataram mais do que 50.000 animais selvagens nativos do estado. Mas embora o South Dakota Game, Fish and Parks, financiado pelos contribuintes, pagou centenas de milhares de dólares pelas matanças, um responsável admitiu recentemente que o programa tem sido inefetivo no seu objetivo de aumentar o número de caçadores de faisões.

Biólogos da vida selvagem e funcionários de agências em Idaho, Michigan, Missouri, New York, Carolina do Norte, Pensilvânia, Carolina do Sul, Tenesse e Virgínia Ocidental concordam que as recompensas “desvalorizam o predador” e são “propensas à corrupção”, “caras”, “contraprodutivas” e “totalmente ineficazes”. A pesquisa também descobriu que recompensas não diminui a população de animais ou minimiza os conflitos.

No entanto, ainda existem recompensas em alguns estados e resultam em mortes desnecessárias e violentas de milhares de animais selvagens. Em Iowa e ao longo dos EUA, as armadilhas infligem sofrimento horrível, tanto para o alvo da vida selvagem quanto para as vítimas não intencionais como cães e gatos. Os animais são muitas vezes deixados nas armadilhas por dias – ou mesmo semanas em alguns estados – com ferimentos dolorosos e nenhuma condição para procurar comida ou água. Eles podem até mastigar seus próprios membros para tentar escapar. E quando os caçadores finalmente retornam, eles podem pisar, estrangular ou espancar os animais até a morte.

Com demasiada frequência, os animais visados em programas de recompensas são difamados e mal-entendidos. Eles são mortos sem qualquer limite definido ou sem avaliação do impacto potencial para a população ou para o ecossistema do qual eles são parte. Os guaxinins, por exemplo, são animais inteligentes, curiosos, espertos e brincalhões que servem como equipe de limpeza, consumindo carcaças de animais e presas frequentemente vistas como pragas para as comunidades humanas.

A lei da recompensa pelos guaxinins surgiu num momento quando os parques estaduais de Iowa precisam de US$ 100 milhões de reparos em infraestrutura. “Os parques estaduais beneficiam cada morador de Iowa, enquanto a recompensa de guaxinins subsidiaria a captura cruel por um minúsculo número de residentes do estado”, disse nosso diretor estadual do Iowa Preston Moore. “Menos do que 7% dos habitantes de Iowa caçam, pescam ou capturam – um número que não cresceu apesar das tentativas financiadas pelo estado para aumentar a participação”.

A vida selvagem de um estado é mantida sob custódia para ser administrada em benefício de todos os seus residentes. Iowa, Dakota do Sul e outros estados deveriam abandonar as relíquias horríveis e ultrapassadas de recompensas e controle dos predadores ao invés de investirem em métodos que funcionam para prevenir os conflitos, como luzes e sprinklers ativados por movimento, dispositivos de som alto e cercas ou fios elétricos. Todos podem ajudar a criar um mundo humano para a vida selvagem através de nossas ferramentas, recursos e modelos para coexistir humanamente com os guaxinins e todos os tipos de vizinhos selvagens.

Por Kitty Block / Tradução de Fátima C. G. Maciel

Fonte: The Humane Society of the United States

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