EUA: loja de animais exóticos Sloth Encouters fechou depois que proprietário foi acusado de abuso

EUA: loja de animais exóticos Sloth Encouters fechou depois que proprietário foi acusado de abuso
Existiam sete preguiças dentro da loja em Islip, junto com cangurus, capivaras e outros animais

Depois de 18 meses, as autoridades de Long Island finalmente fecharam uma loja de animais exóticos – e as suas sete preguiças.

Larry Wallach cobrava US$ 50 por sessão de 30 minutos onde os clientes poderiam acarciar, alimentar e passar um tempo com criaturas da América do Sul e outros animais exóticos em seu zoológico, Sloth Encounters (Encontros com Preguiças), em Hauppauge, nos EUA.

Um homem na Flórida que foi preso supostamente por traficar filhotes de urso alegou que ele estava treinando os animais para Wallach, veja aqui.
Um homem na Flórida que foi preso supostamente por traficar filhotes de urso alegou que ele estava treinando os animais para Wallach, veja aqui.

Ele removeu o logo da loja e as preguiças na semana passada depois que foi ameaçado de desacato ao tribunal por continuar operando. As autoridades locais vinham tentando fechar a instalação, que já foi uma loja de materiais para piscina, desde a sua abertura em junho de 2022.

Embora a lei estadual não proíba possuir uma preguiça, a Cidade de Islip – onde a Sloth Encounters se estabeleceu – proíbe a licença de propriedade de “animais selvagens”, a menos que estejam em um zoológico, um laboratório, uma instituição educacional licenciada ou “um carnaval, circo ou espetáculo público ao ar livre” que requer uma licença especial que Wallach não tinha.

Wallach, de 66 anos, é um expositor de animais licenciado pela USDA que um crítico rotulou de “Joe Exotic de Long Island”. No início deste ano, ele foi vinculado a alegações de tráfico de filhotes de urso quando um homem foi preso na Flórida com dois filhotes de Kodiak, e alegou que estava treinando os animais para Wallach, que não foi acusado nesse caso.

“Larry é apenas um figurante de “Tiger King” que não foi selecionado”, brincou John Di Leonardo, um antrozoologista que dirige a Humane Long Island.

Sloth Encouters usava imagens fofinhas de desenho animado de preguiças para atrair clientes e se anunciava como “uma jornada educacional”, mas a vida lá dentro era, na verdade, infernal para as preguiças noturnas, que são famosas por seus movimentos lentos, têm dentes e garras afiadas e preferem não ser tocadas, de acordo como os documentos judiciais e uma investigação da The Humane Society.

 preguiças eram supostamente mantidas em condições de superlotação, mas Wallach insistiu que as pessoas amavam a sua loja
preguiças eram supostamente mantidas em condições de superlotação, mas Wallach insistiu que as pessoas amavam a sua loja

Como parte de sua investigação, os investigadores de The Humane Society fizeram um vídeo capturando imagens de um empregado batendo em uma preguiça com uma garrafa de água, enquanto Wallach foi filmado agarrando os animais pela parte de trás do pescoço deles enquanto seus braços se agitavam em perigo, de acordo com a filmagem e um relatório de inspeção do USDA.

As preguiças, assim como os cangurus, capivaras e outros animais, eram mantidos em condições insalubres e superlotadas, alegou a The Humane Society.

Quando outro cliente relatou ter sido mordido por uma preguiça em agosto de 2022, Wallach supostamente mentiu para os investigadores da USDA, disse a agência em um relatório de inspeção.

Em fevereiro uma inspeção revelou um canguru, uma cacatua, duas capivaras, três degus, três chinchilas, sete planadores de açúcar (um tipo de gambá) e 10 pombinhos, juntos com as preguiças, dentro da loja.

Não está claro onde Wallach colocou os animais depois do fechamento da loja, primeiro reportado pelo Newsday.

“Contanto que ele os remova da cidade e cumpra com o código, isso é toda a jurisdição que nós temos”, disse William Wexler, advogado, que está representando a cidade no caso, ao The Post.

Wallack acumulou quase 40 relatórios de inspeção da USDA desde julho de 2022 e tem tido diversos desentendimentos com as autoridades e grupos de bem-estar animais ao longo dos anos.

Sloth Encounters funcionava em uma loja em Long Island que era usada como loja de suprimentos de piscina
Sloth Encounters funcionava em uma loja em Long Island que era usada como loja de suprimentos de piscina

Em 2017, a SPCA do Condado de Nassau, encontrou um canguru mal nutrido em sua casa em East Rockaway; em 2020, Wallach postou um vídeo no Facebook, sinalizado por PETA (People for the Ethical Treatment of Animals), mostrando-se usando o barulho de um bastão elétrico para assustar um filhote de tigre, chamado Sheba, que manteve em um recinto com tábuas quebradas. Ele também permitiu que Sheba brincasse com seu Husky e usou seus pés para prender a cabeça de Sheba no chão, mostra o vídeo.

Em 2023, Wallach foi multado em US$250 por pretender vender lagartos monitores do Nilo, que são venenosos e podem crescer até dois metros de comprimento.

“Ao não revogar a licença de Larry Wallach, a USDA é cúmplice nisso”, disse Di Leonardo, que acredita que Wallach vendeu os animais que eram mantidos no Sloth Encounters para fora do estado.

Em 2022 um cliente relatou que foi mordido por uma preguiça (Sloth Encounters)
Em 2022 um cliente relatou que foi mordido por uma preguiça (Sloth Encounters)

O USDA não respondeu aos questionamentos sobre por que a licença de Wallach continua sendo renovada.

Wallach prometeu que Sloth Encounters retornará e negou qualquer irregularidade.

“Os animais estão todos bem, eles apenas não estão em Islip”, ele disse ao The Post. “Eles estão fora. Ninguém precisa saber onde os meus animais estão”.

Ele culpou os defensores dos direitos dos animais por seus problemas.

“Tenho feito isso, criando animais exóticos, há 40 anos”, disse ele, acrescentando que já trabalhou como “policial da vida selvagem” e com a SPCA. “Eles nem te contam isso. É como se eu não tivesse vida antes de estar em Islip com as preguiças.”

Ele disse que as preguiças são socializadas, negando mantê-las em condições de superlotação e disse que o empregado que bateu em um de seus animais “fez a coisa certa da maneira errada”.

“Da quantidade de pessoas que passaram pelas minhas portas, 99,99% estão seguras e felizes. Esta é a verdade”, ele disse. “Nós voltaremos em breve”.

Por Kathianne Boniello / Tradução de  Fátima C G Maciel

Fonte: New York Post

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