Girafas trazidas da África do Sul pelo BioParque do Rio custaram mais de R$ 1 milhão

Girafas trazidas da África do Sul pelo BioParque do Rio custaram mais de R$ 1 milhão

As 18 girafas importadas da África do Sul pelo BioParque do Rio em novembro do ano passado custaram 203,1 mil dólares: cada animal saiu a 11.288 dólares. Na cotação atual, esse montante representa R$ 1,07 milhão: R$ 59.489 por girafa. As informações estão nas invoices — notas fiscais internacionais — de compra às quais o EXTRA teve acesso.

Nas invoices, com data de 20 de setembro de 2020, o vendedor é identificado como Anthony Wilbraham, proprietário da Impex Wildlife, empresa que, em seu site, se declara especialista na exportação de girafas e outros animais selvagens de suas fazendas localizadas na cidade de Brits, cerca de 100 quilômetros de distância de Joanesburgo, maior cidade do país.

Apesar da venda ter sido feita pela empresa sul-africana, quem assina as invoices é Anna Melino, representante da Rare Zoo Logistics, do Panamá, empresa que teria sido responsável pelo transporte dos animais. As notas, entretanto, não incluem o valor do transporte internacional dos bichos, que chegaram ao Aeroporto do Galeão por meio de um avião Jumbo.

Zebras e impalas

O EXTRA também teve acesso a uma invoice de compra de cinco zebras e oito impalas, onde o vendedor, comprador e exportador são os mesmos: Impex, BioParque e Rare Zoo, respectivamente. A nota fiscal apresenta o valor total de 50.247 dólares (ou R$ 264.801), sendo 26.306 mil dólares (hoje, R$ 138.632) referentes às impalas e 23.941 dólares (R$ 126.169 na cotação atual) das zebras.

O SEI (Sistema Eletrônico de Informação) do Ibama mostra que, além das girafas, o BioParque já havia iniciado os procedimentos para importação de 24 impalas e 15 zebras do mesmo exportador. No dia 18 de janeiro, quando o GLOBO visitou o galpão após a divulgação da morte de três das 18 girafas, o diretor de operações do BioParque, Manoel Browne, confirmou que havia a intenção de compra desses animais, mas disse que ela foi cancelada no ano passado.

O EXTRA aguarda posicionamento das empresas Impex Wildlife e Rare Zoo. O BioParque, por sua vez, enviou a seguinte nota:

O BioParque do Rio reforça que todo processo de importação foi legal e autorizado pelos órgãos brasileiros e sul- africanos e esclarece que todas as informações referentes a importação das girafas, constam no processo e estão disponíveis aos órgãos competentes. Não foram e nem serão importados outros animais citados na licença, tanto que a autorização como um todo (IBAMA/MAPA) foi alterada para conter somente girafas.

O parque reafirma sua absoluta responsabilidade com o manejo de fauna e com projetos de longo prazo de restauração da natureza, amparados em educação, pesquisa e conservação de espécies.

Por Giovanni Mourão

Fonte: Extra

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