Macacos são vítimas de maus-tratos em circo no Vietnã

Macacos são vítimas de maus-tratos em circo no Vietnã

Qualquer pessoa pensaria que vivendo em um santuário de macacos dentro de um parque nacional a vida de Queenie, a macaca, deve ser despreocupada.

Mas, na realidade, Queenie recebe uma corrente, usa um vestido rosa e é obrigada a realizar acrobacias em um circo.

Um grupo pelo bem-estar animal divulgou fotos e imagens para mostrar o tratamento horrível dos animais em um circo que dizem estar dentro da Reserva da Biosfera Can Gio Mangrove, no Vietnã.

As imagens, divulgadas pela Animals Asia, sediada em Hong Kong, mostram os macacos sendo obrigados por seu treinador a andar de bicicleta e caminhar em uma viga de equilíbrio.

Uma parte do vídeo mostra Queenie, uma dos artistas do circo, mordendo seu próprio pé, um comportamento interpretado por especialistas em animais como um sinal de medo e ansiedade.

David Neale, diretor do Animals Asia, disse que ficou surpreso quando viu Queenie em Can Gio, uma reserva da biosfera creditada pela UNESCO.

O grupo pelo bem-estar animal disse que já tinham denunciado o circo. O escritório da UNESCO no Vietnã disse que uma agência responsável abordou as questões ao parque e garantiu que medidas seriam tomadas.

O parque insistiu que os animais estão sendo bem tratados depois que a Animals Asia entrou em contato com eles, disse Neale.

Neale disse: “Depois de 10 anos vendo animais sendo abusados, nunca vi um animal tão assustado como ela”.

“Cada investigação de circo causa um impacto em mim, mas ver Queenie reagir desta maneira foi a pior experiência que já tive enquanto via um animal obrigado a atuar em um circo. A imagem de sua cara aterrorizada olhando os treinadores de animais nunca sairá da minha mente”.

Neale, veterano ativista pelos direitos dos animais, disse que ele e seus colegas realizaram uma investigação sobre Can Gio em outubro de 2016. Eles tinham ouvido sobre oito denúncias de crueldade animal em um circo dentro do parque.

A equipe entrou no parque como turistas e gravou os vídeos. Havia cerca de 30 macacos no circo, incluindo Queenie, quando chegaram, afirmou Neale.

O inglês de 44 anos disse que Queenie inicialmente sentou na parte traseira da pista do circo. Mas quando os treinadores chegaram perto dela, Queenie demonstrou “sinais óbvios de medo e estresse” enquanto mostrava seus dentes por temor do que estava prestes a acontecer.

Ele disse que tinha visto a macaca, que apresentava feridas visíveis, mordendo seu próprio pé – um sinal que acredita refletir no medo de Queenie ao que está em seus arredores.

Heather Bacon, um especialista zoológico da Universidade de Ebimburgo, estava de acordo com Neale em sua interpretação do comportamento de Queenie.

Bacon disse: “Está bem documentado na literatura científica que os primatas exibem uma conduta autodirigida quando estão estressados ou ansiosos”.

“Estes comportamentos autodirigidos podem, inclusive, evoluir a uma autolesão, que é certamente anormal. O comportamento do pé de Queeni concorda com sua sensação de medo ou ansiedade”.

Fora Queenie, outros macacos no circo também foram objetos de abusos, de acordo com Neale, que disse que quando algum dos macacos mostrava sinais de não querer realizar as acrobacias, os treinadores os ameaçavam com pedaços de pau. Os macacos se viam então obrigados a fazer os truques, como saltar sobre obstáculos e fazer abdominais.

Nenhum dos macacos do circo tinham nomes. Os investigadores tampouco conhecem a idade ou o sexo de Queenie.

Queenie é um nome dado a este macaco em particular pelo Animals Asia em uma tentativa de aumentar a consciência pública do abuso animal.

De acordo com Neale, o macaco deve ser fêmea a julgar pelo traje e já deve ser um animal velho.

Se Queenie pudesse falar, acredito que simplesmente pediria a alguém que a tirasse desse ruído da multidão e da música, para tirar esse vestido ridículo que se via obrigada a usar e para permitir que ficasse sozinha.

Repórteres entraram em contato com a reserva de animais sobre o caso, mas ainda esperam um retorno.

Tradução de Alice Wehrle Gomide

Fonte: Debate

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