Maus-tratos contra cavalo gera revolta e indignação na ONG SOS Bichos, em Candelária, RS
Um caso de maus-tratos contra um cavalo ocorrido na última sexta (23), no km 01 da ERS-400 gerou revolta e indignação de membros da ONG SOS Bichos com a falta de uma maior fiscalização por parte da prefeitura em casos relacionados com a causa animal no município.
Sobre o caso ocorrido na ERS-400, a ONG SOS Bichos recebeu uma informação às 16h18 de que havia um cavalo caído, nas margens da rodovia e que o animal estava a um certo tempo nesta situação. A entidade entrou em contato com a prefeitura municipal, mas as tentativas com o responsável pelo atendimento de cavalos foram sem sucesso.
Um veterinário, que estava aleatoriamente passando pela rodovia, parou, avaliou rapidamente o cavalo e disse que havia possibilidade de ser tétano. Como precisava seguir viagem, o profissional não completou o atendimento. Neste momento, o tutor do animal havia aparecido ao local e se comprometido em prestar atendimento. A ONG SOS Bichos intermediou o contato com um veterinário para que se deslocasse até o local e completasse o atendimento ao animal.
Com o problema aparentemente resolvido, a equipe da ONG SOS Bichos deixou o local. Porém, por volta das 19h, uma voluntária da entidade passou pelo local e viu que o cavalo ainda estava agonizando no local. A ONG SOS Bichos entrou em contato com a Polícia Rodoviária Estadual e Brigada Militar para comunicar o fato e por haver risco de acidente em razão do animal estar caído próximo da pista de tráfego. Novamente se tentou contato com o encarregado pelo atendimento a cavalos na prefeitura municipal de Candelária, novamente sem sucesso pela entidade. Um veterinário de Candelária foi acionado e após analisar o animal, indicou a eutanásia, mas o tutor do animal não autorizou o procedimento. (O veterinário não pode executar qualquer tratamento com um animal sem o tutor concordar).
Com a negativa do tutor, o veterinário apenas aplicou medicações para diminuir a dor do animal. Como o tutor negou a eutanásia, o animal permaneceu caído no local. Já a prefeitura foi informada da situação e já havia se prontificado em enterrar o animal após ser confirmada a sua morte.
Por volta das 20h20, o tutor foi flagrado tentando retirar o cavalo do local amarrando uma corda no pescoço do animal doente para arrastá-lo com sua carroça (puxada por outro cavalo). O tutor, completamente alcoolizado e alterado, ainda insistiu em dar cerveja preta ao animal, inserindo o líquido em sua boca, situação que revoltou os integrantes da ONG SOS Bichos que acompanhavam o caso e descobriram que o animal era microchipado, pois já havia sido recolhido pela Prefeitura em algum momento, mas foi devolvido ao tutor.
A prefeitura voltou a ser chamada e foi informada sobre o caso de maus-tratos contra o animal e às 21h15 chegou ao local com uma equipe dos Bombeiros Voluntários de Candelária. Se iniciou uma nova busca por um veterinário para atender o animal. O mesmo profissional que havia atendido o animal anteriormente foi chamado e foi novamente o local onde aplicou a eutanásia no animal por voltas 22h05, com o animal vindo a óbito no local. Foi realizado no local um termo circunstanciado de maus-tratos pela Polícia Rodoviária Estadual.
ONG SOS BICHOS COBRA PROVIDÊNCIAS
Após o caso de maus-tratos contra o cavalo, a ONG SOS Bichos questionou a prefeitura e cobrou uma maior agilidade no serviço público para atendimento aos animais.
“Por que ainda não há no nosso Município um canal de contato direto e efetivo para casos como estes ou denúncias/solicitações de atendimento a animais abandonados? Precisamos que a Lei Municipal de Maus Tratos nº 1629, de 29 de maio de 2019, seja aplicada à todos os casos que ocorrem no nosso Município (além da já conhecida Lei Sansão, Federal). A quem compete organizar e resolver isso? A quem temos que recorrer???? Precisamos de soluções do Poder Executivo”, disse a entidade, em nota enviada para a reportagem do JC.
A ONG SOS Bichos também relatou que o canil municipal conveniado já está superlotado de cães resgatados por abandono ou maus tratos. “E o que mudou até agora? Nada. Isso não pode continuar. Precisamos de uma atenção especial e atuação mais consistente do Ministério Público, Defensoria Pública, OAB, Polícia Civil e Militar, Poder Judiciário e do Poder Legislativo, afinal, todos podem atuar em prol dos interesses e da causa animal. Precisamos de Plantão Veterinário fora do horário de funcionamento da Prefeitura (à noite e finais de semana) para casos de urgência Também precisamos que a população se una e os meios de comunicação atuem na causa. Os animais precisam da ação de todos para serem protegidos”, finalizou a entidade responsável pela proteção aos animais no município.
Por Tiago Garcia
Fonte: Jornal de Candelária