Mulher tinha 112 cães. Resgate salvou a maioria mas Life ainda espera por uma família

Mulher tinha 112 cães. Resgate salvou a maioria mas Life ainda espera por uma família
Life é conhecida em qualquer lado por causa das suas orelhas.

No meio de todo o sofrimento, Life até teve sorte. Foi guardada na boxe “melhorzinha” da sua “tutora”. Mas isso não a impediu de viver a mesma violência que os outros 111 animais viveram com a sua acumuladora, em Arruda dos Vinhos, Portugal.

Foi em 2019 que a União Zoófila, associação sediada em Lisboa, fez um resgate inédito. Inédito não apenas pelo número de animais que salvou, como o que aconteceu à autora dos crimes, Maria Antónia Lisboa, que foi condenada a quatro anos de pena suspensa.

Num resgate que durou cerca de 19 horas, “tendo começado por volta das cinco da manhã e terminado pela meia-noite”, quase todos os animais encontraram as suas famílias, nos quatro anos que entretanto se passaram. Mas ainda há muitos nas associações portuguesas, a relembrar o trauma que viveram.

Life é uma delas. Com cerca de cinco anos e meio, foi batizada com o nome de “Vida”. Porque sempre quis muito viver, mesmo nas condições em que a puseram. “De longe, parecia que estava tudo bem, e que até havia boxes com bom espaço e gradiamento. Mas, quando nos aproximávamos, víamos excremento ao nível do joelho”, começa por descrever a voluntária Margarida Saldanha à PiT.

“Os animais não tinham água, nem comida, e as boxes estavam trancadas. Os cães tinham problemas de leishmaniose as cadelas tinham imensos tumores mamários. Eles reproduziam-se indefinidamente”, relembra a voluntária da UZ. Margarida já olha pelos animais há muito tempo, mas não se lembra de ter testemunhado cenário tão hediondo como este.

Life e a outra centena de cães chegaram à UZ assustados, mas em busca de um final feliz. E foi isso que muitos deles tiveram. Já a cadela, que toda a gente reconhece por ter uma orelha para cima e outra para baixo, continua apenas com o amor dos voluntários e dos padrinhos da associação.

É uma cadela “muito querida e amorosa” e que já consegue “desfrutar dos passeios na rua”. Qualquer pessoa se apaixona por ela quando a vê. O difícil é levarem-na consigo para casa.

Além do trauma que viveu, o destino concedeu a Life o sofrimento de viver com uma “displasia crónica no cotovelo esquerdo”. Recentemente, fez uma rutura de ligamentos nos joelhos, e já foi operada, estando a recuperar favoravelmente. Assim que sair da enfermaria da UZ, está pronta para ter uma vida normal.

Apesar de “não ser propriamente uma cadela efusiva e de passar despercebida à maioria dos possíveis adotantes”, Margarida tem esperança de que Life encontre uma família disposta a dar-lhe um amor muito diferente do que viveu com a antiga “tutora”.

Por Carolina Jesus

Fonte: Pets in Town / mantida a grafia lusitana original

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