Na Baixada Santista (SP), população quer fim de cavalgadas de martírio; vídeo

Na Baixada Santista (SP), população quer fim de cavalgadas de martírio; vídeo
Na imagem, moradores tentam salvar cavalo que morre de fadiga em Agenor de Campos, em Mongaguá / DIVULGAÇÃO

Cidadãos e cidadãs, defensores da vida animal, iniciaram uma campanha contra supostas romarias e cavalgadas nas cidades da Baixada Santista, principalmente no Litoral Sul, geralmente no mês de dezembro, proporcionando tortura a animais de médio e grande portes (cavalos). Muitos são chicoteados quando não querem mais obedecer os condutores. Já foi constatada morte no asfalto por fadiga. O Diário recebeu fotos e vídeos de inúmeros abusos e até crimes.

A população quer uma ação metropolitana visando acabar com o martírio travestido de ato religioso. Caso ela não ocorra, vai recorrer ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP). O analista de sistemas, Rafael Melo, de seu apartamento em Praia Grande, flagrou os maus tratos.

“Consigo ver a Avenida Presidente Kennedy um monte de gente andando de charrete e a forma como essas pessoas tratam os cavalos durante o passeio. É um sofrimento os animais na mão desse pessoal. Acho que devemos colocar esse assunto em pauta na Câmara dos Deputados para regulamentar uma lei mais severa, com punição alta aos tutores. No dia, fiquei tão bravo que gritei para um deles: você vai ser preso por ficar tratando o animal dessa forma. Ele estava chicoteando o animal, que estava com a boca aberta de cansaço. Ele respondeu: aqui ‘nois’ pode tudo”.

“Uma vez por ano, em Praia Grande, ocorre essa barbaridade sob o manto da religiosidade. É preciso que se dê visibilidade e combater a tortura a qual esses pobres animais são submetidos pelas ruas da cidade e região. As charretes ficam circulando entre os municípios. Os animais ficam sob sol escaldante, sem água em boa parte do dia, sendo chicoteados quando resolvem parar de cansaço. Um horror”, afirma uma comerciante.

Em Mongaguá, a cidadã Kátia Pinheiro Pereira informa que viu várias vezes cavalos sendo utilizados até a exaustão. À noite, diz que viu os animais quase caindo de tanto cansaço e chegou a pedir a um condutor que parasse, mas não foi ouvida.

“Acho inadmissível permitirem este tipo de abuso Tem um morador na Avenida Barão do Rio Branco, esquina com São Paulo, que teve a pachorra de deixar seu cavalo a noite toda amarrado com uma corda curta no caminhão e sem água. De manhã, o bichinho estava lá ainda. Tirei foto do cavalo e caminhão. Os cavalos estão sendo maltratados. Isto precisa parar ou pelo menos dar condições físicas, alimento, água e descanso para estes animais. Não é possível que as autoridades da cidade permitam isto. É uma vergonha”, afirma. O caso mais complicado ocorreu no bairro de Agenor de Campos, quando um animal não resistiu e morreu.

Outro morador revela que as charretes circulam no meio de carros, ônibus de transporte público, sem respeitar o trânsito. “Já ouve acidentes envolvendo veículos e sempre o animal é que mais sofre. As pessoas ficam revoltadas, mas têm medo de questionar”, revela.

Um munícipe informou a Reportagem que os charreteiros promovem competições e alugam as charretes para turistas, que também não se importam com as condições de saúde dos animais, que são amarrados a muros, com cordas curtas, sem poder abaixar para comer, beber água, deitar ou se movimentar. O asfalto acaba com a musculatura dos animais.

Prefeituras

As prefeituras do Litoral Sul têm legislação e prometem combater a questão a partir de agora. A de Mongaguá informa que identificou uma grande quantidade de charretes e efetuou uma rigorosa fiscalização, com agentes de Trânsito, Guarda Municipal, Vigilância em Zoonoses e o apoio da Polícia Militar. “O proprietário do animal que veio a óbito foi detido em flagrante e levado à Delegacia Sede para responder por crime de maus tratos”, garante.

Em Itanhaém, a Prefeitura afirma que irá promover ampla discussão junto à sociedade e Legislativo para avaliar possível proposta que proíba a atividade. No entanto, já possui o Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal, que apura denúncias de maus tratos, com dezenas de casos de resgate e apreensão de animais e encaminhamento à Polícia.

Em Peruíbe, a Prefeitura informa que romarias e cavalgadas precisam de autorização, ter a presença de um médico veterinário responsável, garantias a proteção e o bem-estar dos animais. A Cidade não tem registro de maus tratos em eventos deste tipo e vaquejadas, rodeios e circos com presença de animais são proibidos.

A Prefeitura de Praia Grande informa que a lei 2137/2022 proíbe a realização de cavalgadas com uso de charretes e o tráfego desse tipo de veículo pela Cidade. Ciente de que alguns donos de charretes passam pela cidade para chegar às cidades do Litoral Sul, realizou reuniões com representantes dos charreteiros orientando sobre trajetos que poderiam ser utilizados apenas como passagem, de forma que não causassem transtornos ao trânsito e aos munícipes.

Os envolvidos foram informados de todas as restrições e que o descumprimento das orientações, que são previstas em lei, poderia acarretar multa e apreensão das charretes. Guardas civis e agentes de trânsito fiscalizam.

Vale lembrar que a prefeita Raquel Chini (PSDB) é presidente do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb), portanto, pode orquestrar uma ação regional de combate à iniciativa cruel e impopular.

 
 
 
 
 
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Por Carlos Ratton

Fonte: Diário do Litoral

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