ONG contrapõe data em que fazendeiro alega ter gravado vídeo abraçado com onça-pintada no Pantanal de MT

Um programa que monitora onças-pintadas no Pantanal mato-grossense, afirma que a onça Queixada foi vista em novembro de 2021 andando pela região de Porto Jofre, o que vai de encontro com o que a defesa do fazendeiro suspeito de ter matado a onça-pintada e depois gravar um vídeo zombando dela morta. A defesa afirma que o vídeo foi gravado entre março e abril do ano passado.
VÍDEO: Vídeo mostra homens fazendo comentários de deboche com o corpo de uma onça-pintada abatida
Segundo Anderson Nunes de Figueiredo, advogado do suspeito Benedito Nédio Nunes Rondon, o vídeo foi gravado há mais de um ano, entre março e abril de 2021. Ele afirma que quando Benedito chegou no local onde foram feitas as gravações, o animal já estava morto.
“Os vídeos foram gravados de um smartphone para outro e posterior compartilhados nas redes sociais, chamamos a atenção da existência de vozes femininas (externa) ao final do segundo vídeo, dando a entender que tudo foi realizado em roda de conversa. As legendas inseridas nos vídeos foram feitas por terceiras pessoas”, afirma Anderson.
No entanto, o programa afirma que o animal foi visto em novembro de 2021.
Segundo a ONG, desde 2013 o projeto monitora as onças-pintadas no Pantanal, com armadilhas fotográficas e observação de campo para fazer pesquisas e ações de conservação do animal.
O monitoramento é feito na região de Porto Jofre, no Parque Estadual Encontro das Águas, na Rodovia Transpantaneira e mais recentemente está focado nossos esforços na Pousada Piuval.
Durante o trabalho, um dos membros tirou a foto de animal e deu o nome de Queixada. Era um macho jovem, com os dentes saudáveis e um rosto limpo.
O animal é identificado pelo padrão de manchas, que são quase como ‘digitais’.
Aparentemente, as pessoas pensam que eles são iguais, mas quando se olha mais de perto é possível identificar de cada um é único. O padrão das manchas ou os pontos mais escuros parecem impressões digitais.
Esses animais enfrentam perigo quando estão fora da área protegida.
No vídeo em questão que está circulando, o suspeito aparece ao lado da onça morta, com uma pistola em cima do corpo do animal.
Durante a filmagem, ele confessa o crime e diz que matou a onça no domingo e ainda zomba do corpo do animal silvestre falando que o felino ‘não valia nada’ e que se fosse uma fêmea aproveitaria para ter relações sexuais com o animal.
O suspeito teria outras armas de fogo, além de couro, patas e outros materiais decorrentes de caça ilegal de animais silvestres em sua casa e na fazenda. A informação foi confirmada pela Polícia Civil, nesse sábado (2).
No último domingo (3), o advogado do fazendeiro contestou essa informação repassada pela polícia. Também negou que ele seja caçador e responsável pela morte da onça.
Segundo manifestação do advogado Anderson Nunes de Figueiredo, os vídeos são antigos e foram editados e divulgados.
“Os vídeos que circulam nas redes sociais foram editados, conforme visualizado na parte superior à esquerda da tela, que aparece ‘rabiscos em preto’ apagando o perfil da pessoa que compartilhou os vídeos, a data e horário”, diz trecho da nota do advogado.
Disse ainda que a arma que aparece no vídeo não foi a usada para matar o animal e que Benedito se arrepende do que falou nas gravações e que foi uma brincadeira de mau gosto. A defesa do fazendeiro ainda publicou uma nota escrita pelo próprio Benedito:
“De uma simples fanfarrice e bravura para um amigo, aconteceu o que jamais poderia ter acontecido: uma brincadeira de mau gosto, na hora errada e no lugar errado. Não fui eu quem matou a onça, e também, não perdi 15 bezerros. Isso foi há mais de um ano. Cheguei na fazenda e vi a onça esticada no chão, ensanguentada e morta. Daí começou todo o infortúnio e em um minuto de bobeira, tomado pela adrenalina, desci da caminhonete junto com o diarista e fiz o que está no vídeo. Passando a tolice, coloquei o animal na caminhonete e deixei na baía. Não pratico e não tenho nenhum tipo de crime ambiental”, afirma.
O caso
No vídeo que está circulando, o suspeito aparece ao lado da onça morta, com uma pistola em cima do corpo do animal.
Durante a filmagem, ele confessa o crime e diz que matou a onça no domingo e ainda deprecia o corpo do animal silvestre falando que o felino ‘não valia nada’ e que se fosse uma fêmea aproveitaria para ter relações sexuais com o animal.
O suspeito teria outras armas de fogo, além de couro, patas e outros materiais decorrentes de caça ilegal de animais silvestres em sua casa e na fazenda. A informação foi confirmada pela Polícia Civil, nesse sábado (2).
No último domingo (3), o advogado do fazendeiro contestou a informação repassada pela polícia de peças de caça ilegal estariam em posse do acusado. Também negou que ele seja caçador e responsável pela morte da onça.
Segundo manifestação do advogado Anderson Nunes de Figueiredo, os vídeos são antigos e foram editados e divulgados, o que poderá provar isso em perícia judicial.
Ele afirma que o vídeo foi gravado há mais de um ano e que quando Benedito chegou no local onde foram feitas as gravações, o animal já estava morto.
Disse ainda que a arma que aparece no vídeo não foi a usada para matar o animal e que Benedito se arrepende do que falou nas gravações e que foi uma brincadeira de mau gosto.

A defesa não informou se ele vai se apresentar à polícia.
Outro ponto atacado é o tamanho da lesão no animal, destaca que não é compatível com o calibre da airsoft que aparece na filmagem.
Na sexta-feira (1°), as equipes da Polícia Civil e Militar realizaram buscas na casa do fazendeiro e apreenderam uma espingarda de calibre .22.
Benedito Nédio Nunes Rondon também teve a prisão preventiva decretada, mas não foi localizado na propriedade e é considerado foragido.
A espingarda apreendida e encaminhada para a Delegacia de Poconé será utilizada como prova nas investigações do inquérito policial.
O delegado de Poconé, Maurício Maciel Pereira Júnior, representou com pedido de urgência os mandados de prisão preventiva e busca e apreensão contra o suspeito pelos crimes ambientais de matar animal silvestre, guardar produtos oriundos de animal silvestre, posse e porte ilegal de arma de fogo.

As ordens judiciais foram deferidas pela Justiça, na sexta-feira (1º). Durante o cumprimento dos mandados, o suspeito não foi localizado e nem a arma que aparece no vídeo.
“Segundo informações, ele está foragido desde ontem [quinta] e possivelmente levou com ele a arma que utilizou para matar a onça-pintada”, disse o delegado.
Investigações
De acordo com o delegado Maurício Maciel Pereira, na fazenda, foi encontrada a mulher do suspeito, que afirmou que o marido possui armas na propriedade. No entanto, a pistola que aparece com o suspeito no vídeo com a onça não foi localizada.
Segundo o delegado, dois irmãos de Benedito que também estavam no local informaram que ele saiu da fazenda ainda na sexta-feira para ir até a cidade, mas não foi mais encontrado e não fez mais contato com a família.
“Acreditamos que ele já tem conhecimento desses mandados contra ele e está se ocultando. Orientamos a família que a saída mais adequada para ele é se apresentar à polícia”, disse.
Ao ser identificado pelo vídeo divulgado, os policiais conseguiram a localização da propriedade do homem pelo Cadastro Ambiental Rural (CAR). Uma equipe da Polícia Militar de proteção ambiental esteve no local para tentar localizar o suspeito e materiais usados na caça, mas não conseguiram.

Os policiais encontraram apenas uma espingarda com uma munição intacta, em um curral próximo da sede da propriedade. A arma foi apreendida e encaminhada para a Delegacia de Poconé, como material das investigações do caso.
O que diz a lei
O crime de caça, previsto no Art. 29 da lei 9.605/1998, na seção dos crimes contra a fauna, prevê pena de detenção de seis meses a um ano, e multa.
O artigo diz o seguinte: Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida.
Fonte: G1