Pesquisadores de MS criam método mais eficaz para detectar leishmaniose em cães

Pesquisadores de MS criam método mais eficaz para detectar leishmaniose em cães
Cadela Perovskita - Divulgação

Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) criaram uma Inteligência Artificial que detecta de forma mais eficaz e barata uma canina leishmaniose.

Atualmente, a doença é diagnosticada por diferentes métodos, como microscopia, sorologia e testículos baseados na pesquisa de DNA do patógeno causador da doença (PCR), a depender de cada caso.

Se o exame for inconclusivo, demorado ou aponta erroneamente outra doença, os animais informe por mais tempo e, em casos mais extremos, podem falecer.

Foi o que aconteceu com a cadela de estimação do professor da UFMS Cícero Cena, que atua no Instituto de Física. A Perovskita, animal sob sua tutela, foi inspiração para o professor pensar em como os exames de origem ser mais rápidos e eficazes.

“Adotei uma cachorra que estava no Centro de Zoonoses e ela estava muito debilitada. O diagnóstico dela foi muito confuso no início, então comecei a pesquisar sobre o assunto, procurei os colegas e saímos com a proposta de pesquisa que culminou em um novo método de diagnóstico”, conta.

Cena reuniu uma equipe composta por mais oito pesquisadores, incluindo Matthew J. Baker, do Centro de Tecnologia e Inovação da Universidade de Strathclyde, no Reino Unido.

A pesquisa do grupo foi publicada no periódico científico Journal of Biophotonics e foi escolhido para ser capa da revista.

Método

A nova abordagem examina o soro sanguíneo dos animais, sem utilização de produtos químicos, como os reagentes de testes rápidos, por exemplo.

Esse soro passa por uma luz que investiga a resposta do biofluido do soro, técnica chamada espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), que capta as vibrações moleculares da amostra sanguínea.

Os testes foram aplicados em três grupos de cães: um infectado com leishmaniose, um sem infecções e um infectado com tripanossomíase, doença que geralmente possui reação cruzada com a leishmaniose nos testes rápidos e que pode ser indicada erroneamente.

Os materiais coletados foram submetidos a um programa de Inteligência Artificial, que busca por padrões para diferenciar e classificar cada cão dentro de um grupo.

“Foi feita a classificação e retornou para gente qual era a acurácia do teste e a acurácia deste teste deu maior do que muitos dos que se tem no mercado, desses testes rápidos”, afirma Cena.

Após análises, foi comprovado que o método criado pelos pesquisadores era capaz de diferenciar cães positivos para leishmaniose dos cães saudáveis e, além disso, fazia uma melhor diferenciação entre Leishmania [protozoário da leishmaniose] e Trypanosoma cruzi [protozoário da tripanossomíase].

O professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Carlos Ramos, que fez parte da pesquisa, explicou que o método poderá ser simplificado futuramente, acoplados ou não a um computador para análise de dados.

O operador poderá adicionar uma pequena quantidade de amostra do animal ao aparelho, que analisará os dados por meio de algoritmos tecnológicos. Desta forma, o resultado estará disponível em poucos segundos.

“Isso com certeza vai reduzir os custos de testagem e aumentar a capacidade de processamento dos laboratórios públicos e privados”, diz Ramos.

Cena também aponta que com este procedimento, não há preocupações comuns aos testes que utilizam químicos.

“Quando se usa reagentes para testes biológicos, além de ficar mais caro, tem também a validade, porque chega uma hora que expira o teste. O nosso teste é uma medida com luz e computador, então enquanto você tiver o aparelho funcionando, você tem o teste a custo zero, praticamente”, afirmou.

“O investimento inicial é a compra do aparelho, que é caro, mas na hora que você calcula o custo por amostra, fica muito em conta”, completa.

“O aparelho, depois que você o adquire, pode operar por até 10 mil horas sem precisar de manutenção. Isso que reduz os custos, porque uma amostra você mede em menos de cinco minutos”.

De acordo com o professor, os softwares de Inteligência Artificial que fazem os algoritmos utilizados na pesquisa poderão ser adquiridos com licença paga ou gratuita.

Por Gabrielle Tavares

Fonte: Correio do Estado


Nota do Olhar Animal: A matança de cães com leishmaniose revela a ética rasa e a total incompetência técnica de equipes de CCZ, já que é um erro metodológico crasso. Já algumas prefeituras fazem exames e, se diagnosticada a leishmaniose no animal, oferecem ao tutor a “opção” dele próprio fazer o dispendioso tratamento ou então seu animal deve ser deixado e exterminado. Grande parte dos tutores não pode arcar financeiramente com o tratamento. Seria razoável que as prefeituras exterminassem crianças humanas de famílias de baixa renda por estas não poderem custear tratamentos? Óbvio que não, e não há porque pensar diferente em relação aos animais não humanos. Com a transferência da responsabilidade da “decisão” para o tutor, as prefeituras procuram se eximir da responsabilidade pela morte dos bichos, oferecendo uma “escolha” impossível de ser feita por muitos tutores, carentes de recursos financeiros. Isto acaba, na prática, representando uma velada, odiosa e elitista política de extermínio contra os cães de tutores de baixa renda. Cabe às prefeituras oferecerem alternativa acessível para o tratamento e, caso isto não ocorra, resta aos tutores acionarem judicialmente todas as prefeituras que oferecem esta “escolha” impossível. Lembrando que os fortes laços dos tutores com os animais os fazem temer que seus bichos sejam abatidos pelas prefeituras e, por isto, estes acabam deixando de submeter os animais aos necessários exames, agravando a questão de saúde pública, além da condição de saúde do próprio animal e de todos em seu entorno.

A EUTANÁSIA é um ato de caráter misericordioso e que deve atender aos interesses de quem o sofre, e não aos interesses de quem o pratica. Só pode ser chamado de “eutanásia” o ato de abreviar a vida de um animal com doença incurável e em estado irreversível de sofrimento. Os órgãos públicos de saúde disseminaram o entendimento errado do termo “eutanásia” a fim de tentar minimizar a IMORALIDADE de suas ações de extermínio. Infelizmente, até mesmo protetores usam erradamente esta terminologia.

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