Pintinhos mortos, esmagados e pisoteados em incubatório premiado do Reino Unido, vídeo perturbador mostra tudo
Os pintinhos foram esmagados sob as rodas do carrinho, pisoteados e feridos ao serem jogados em caixas, afirma um investigador disfarçado.
Filmagens secretas em um incubatório que cria aves para a indústria de carne de frango também parecem mostrar pintinhos feridos e às vezes ensanguentados por acidentes.
Clique aqui para assistir ao vídeo.
A primeira investigação desse tipo em um incubatório de frangos de corte afirma revelar como as aves jovens são tratadas nas linhas de produção.
VÍDEO: Os pintinhos foram esmagados no chão e jogados pela equipe que trabalhava rapidamente
Aqueles considerados impróprios para venda em granjas de frangos foram enviados por uma rampa até um macerador para serem triturados vivos, alega-se.
A empresa, Annyalla, afirma que produz três milhões de pintinhos com um dia de idade por semana para a indústria de carne de frango. Os ovos são incubados por três semanas antes da eclosão dos pintinhos e depois vendidos para granjas.
Annyalla diz que também é “credenciado” pelos mercados Tesco e Marks & Spencer, embora a M&S não utilize este incubatório individual.
E o local, em Boston, Lincolnshire, ganhou o prêmio de “incubatório do ano” em 2022.
Seu site afirma ser “totalmente credenciado pela agência padrão British Assured Chicken” – mas não existe tal agência. A empresa disse que isso se referia a um antigo esquema governamental chamado Assured Chicken Production. Não há registros das atividades do esquema.
Um investigador da organização de direitos dos animais Animal Justice Project, que trabalhou disfarçado em Annyalla, afirmou ter visto sofrimento repetido e filmado violações da lei de bem-estar animal, incluindo:
- A equipe jogou os pintinhos entre as caixas rapidamente, e alguns pegaram tantos pintinhos de uma vez que eles caíram acidentalmente
- Os pintinhos frequentemente caíam das bandejas de ovos e das caixas de incubação, deixando-os feridos e sem água
- Alguns foram atropelados por carrinhos ou pisoteados
- Os pintinhos tiveram que enfiar a cabeça nas aberturas para beber água, mas ficaram feridos ou morreram quando os carrinhos colidiram com outros carrinhos, contra a parede ou com barreiras metálicas
- Muitas vezes ficam com a cabeça presa nas aberturas das caixas
- Asas, pernas e pés também ficaram presos nas aberturas das caixas. Num caso, os pintinhos começaram a comer a perna de um pássaro por cima
- Os funcionários que avistaram pintinhos doentes ou feridos os abandonaram apesar das regras que determinam que eles devem ser removidos imediatamente
- Os pintinhos não tiveram acesso à água por até oito horas depois que os carrinhos foram removidos das incubadoras
Um pintinho foi filmado com sangue saindo de um ferimento na cabeça, que estava pendurada.
O Animal Justice Project disse que em dias muito movimentados, a equipe – que cuida de até 370 mil filhotes de pintinhos por dia – estava muito apressada para mostrar aos filhotes “cuidados razoáveis”.
Qualquer pintinho considerado doente demais para ser vendido era enviado para ser macerado – triturado vivo – mas algumas caixas demoravam até quatro horas antes de acabarem com o sofrimento desses pintinhos.
Por lei, as aves doentes e feridas devem ser removidas rapidamente.
Os pintos machos nascidos de galinhas poedeiras são geralmente mortos com gás, mas a maceração – com um moedor de lâmina de alta velocidade – é usada legalmente para os milhões de pintos de corte nascidos na indústria da carne todos os anos que não conseguem “atender a categoria”.
A França proibiu a trituração de pintinhos machos.
Um veterinário visita o local a cada seis semanas, num dia em que é realizada uma limpeza profunda e nenhum filhote é manuseado, disseram os ativistas.
A filmagem também mostrou que alguns filhotes nascem com deformidades. “Acabei de ver um filhote de três patas pela primeira vez”, disse o investigador a um trabalhador, que respondeu: “Sim, não faz muito tempo tivemos um que tinha quatro patas, sem bico e apenas um olho”.
A equipe disse que a empresa planejava mais que dobrar a produção para cerca de 2,5 milhões de pintinhos por semana, embora o Animal Justice Project alegasse que os números já eram altos demais para o cuidado adequado dos animais.
Em 2019, o incubatório recebeu um certificado RSPCA Assured para fornecer pintinhos para fazendas endossadas pelo esquema de caridade de bem-estar animal, mas nunca eclodiu para isso. No entanto, a RSPCA suspendeu o seu certificado quando o The Independent lhe mostrou a filmagem.
Entende-se que após ver as imagens, a Tesco contatou o incubatório e iniciou uma investigação urgente.
Um porta-voz de Annyalla disse que a empresa era auditada regularmente para garantir altos padrões, e partes das filmagens ficaram abaixo do esperado dos funcionários, acrescentando: “A equipe passa por treinamento crítico sobre o manejo e bem-estar dos pintinhos antes de iniciar o trabalho, e recebe treinamento contínuo e cursos regulares de reciclagem, por isso é decepcionante ver uma minoria do nosso povo ficar aquém desta ocasião. Abordamos esta questão com o pessoal envolvido e tomamos medidas adicionais para garantir que isto não aconteça novamente”.
“Nossos pintinhos são nosso bem mais valioso, por isso priorizamos seu bem-estar em todas as fases. Os pintinhos devem ser manuseados adequadamente, receber água potável e nutrição, e todos os processos são monitorados por membros seniores da equipe”.
“Reconhecemos que as pessoas podem tomar decisões erradas, mas estamos empenhados em implementar as medidas certas para corrigir quaisquer problemas. Nosso foco continua sendo manter padrões impecáveis de bem-estar das aves em todos os momentos.”
A Marks & Spencer disse que alguns fornecedores adquiriram pintinhos de Annyalla, mas nunca adquiriram pintinhos deste incubatório específico.
Um porta-voz da M&S disse: “Não adquirimos nem temos ligações com este incubatório. Estabelecemos um bem-estar animal rigoroso para todos os fornecedores e esperamos que isso seja respeitado em todos os momentos.”
Um porta-voz da RSPCA Assured disse que era totalmente inaceitável que os pintinhos fossem tratados dessa forma.
Eles acrescentaram: “Este local nunca eclodiu pintinhos em fazendas certificadas pela RSPCA Assured. Os pintinhos nascidos em fazendas garantidas pela RSPCA só podem ser raças de crescimento mais lento e não são as raças de crescimento mais rápido mostradas nesta filmagem”.
“O bem-estar animal é a nossa única prioridade, por isso reportamos a exploração à Agência de Saúde Animal e Vegetal, que está totalmente equipada para realizar investigações independentes sobre questões de bem-estar animal.”
Por Jane Dalton / Tradução Alice Wehrle Gomide
Fonte: Independent
Nota do Olhar Animal: O cruel abate dos pintinhos machos é uma das situações no sistema de produção de carne e de outros produtos de origem animal em que os animais são submetidos a intensos maus-tratos. Trata-se de um agravante em relação ao dano maior, que é o abate em si, que viola o interesse mais básico destes seres, que é o interesse em viver. Só há uma forma definitiva de poupar os animais de todo esse sofrimento, só há uma maneira de não ser cúmplice da crueldade e da injustiça cometida contra eles: é não consumindo estes “produtos” e, assim, deixando de financiar as atrocidades cometidas contra estes animais.