Polícia Militar de Sergipe recolhe mais de 280 animais nas rodovias

Polícia Militar de Sergipe recolhe mais de 280 animais nas rodovias
BPRv registra mais de 280 recolhimentos de animais nas rodovias (Foto: ascom/BPRv)

Ao longe, um corcel dispara pela relva baixa enquanto a brisa revolta faz sua crina flutuar disforme, com graça. A grama macia amortece o som de suas passadas, é arrancada e deixada para trás pela potência do seu galope. Qual não é a surpresa do animal ao ouvir o baque surdo das ferraduras contra o asfalto e logo em seguida, o som do trovão que arremessa seu corpo violentamente para longe. Enquanto a visão do animal escurece, um homem jaz inerte no veículo que o atingiu. O trovão se calou.

O Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), órgão da Polícia Militar do Estado de Sergipe, trabalha para que cenas como a descrita acima sejam constantemente evitadas. Isso porque, acidentes envolvendo veículos e animais soltos nas rodovias ocupam ranking das principais ocorrências de trânsito em Sergipe.

De janeiro a junho deste ano, a unidade especializada da Polícia Militar trabalhou no recolhimento de 284 animais soltos nas rodovias estaduais, ou seja, mais da metade registrada em todo o ano de 2016, que contabilizou o total de 477 animais resgatados pelo Batalhão em todo o Estado. Além disso, dos acidentes envolvendo animais soltos nas rodovias, o BPRv computou nos seis primeiros meses de 2017, seis vítimas, com duas delas fatais. Em 2016, a unidade contabilizou 21 vítimas, com dez delas vindo a óbito.

Entre as designações do Batalhão, está o resgate de animais de grande porte que são eventualmente abandonados na malha viária. Além da unidade localizada na capital, atualmente 25 municípios contribuem para o trabalho do Batalhão abrigando os animais em currais locais.

Dos 17 anos de trabalho na Polícia Militar, o capitão Adelvan Silveira está há pelo menos seis atuando no BPRv, atualmente como subcomandante. Segundo o oficial, na maioria dos casos de animais beirando as rodovias, a responsabilidade é sempre dos tutores, “que deixam os animais soltos para que se alimentem da vegetação que cresce às margens das estradas, ignorando os riscos de acidentes fatais ou com sequelas graves que isso pode causar”.

De acordo com o capitão Adelvan Silveira, os policiais que atuam na unidade recebem o treinamento para lidar diretamente com casos de animais soltos nas rodovias, mas grande parte geralmente são voluntários que gostam e possuem afinidade maior com esse tipo de trabalho. Um deles é o cabo Edésio, designado para essa missão na Equipe Boiadeiro. “Sempre gostei de lidar com cavalos, então quando iniciei os trabalhos foi mais por essa paixão, mas após percebi a importância desse recolhimento. A cada animal que a gente retira da rodovia, temos certeza absoluta que estamos evitando um acidente que pode provocar uma morte”, afirma com convicção.

Após receber a denúncia via Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp – 190 ou 198), o BPRv é acionado e direcionado para o local exato onde o animal está, para que ele seja recolhido e levado ao curral localizado no bairro 18 do Forte, que tem espaço para comportar cerca de 1.500 animais. Quando o tutor retira seu animal, ele paga uma taxa mínima de R$33,60, se for reincidente, paga uma taxa de R$67,20, que soma R$100,80. “Fazemos o cadastro da pessoa e do animal para que, em caso de reincidência, ela possa responder legalmente pelos crimes previstos na legislação penal”, afirma o capitão Silveira. A pena para esse tipo de ocorrência, além da taxa, pode ser a detenção, que vai de 15 dias a seis meses.

Ainda segundo o oficial, há casos em que os animais recolhidos estão debilitados pela falta de cuidados do dono e acabam sendo tratados pelas equipes no curral. “Lá eles ainda recebem atendimento, passando por uma avaliação médica veterinária para ficarem em quarentena até que estejam com a saúde estabelecida. Depois disso, os animais são levados a outra parte da área, onde serão tratados, devidamente alimentados e medicados”.

Isael Freitas Santos trabalha há 20 anos no Setor de Apreensão de Animais. Ele iniciou seu trabalho como laçador e ascendeu à coordenação do local, em que é responsável por manter o caminhão boiadeiro, que faz a apreensão dos animais, trafegando pelas vias públicas de Aracaju, também recebendo as apreensões feitas em rodovias interestaduais.  Ele orienta que, caso alguém que more no interior tenha interesse em adotar um animal, pode entrar em contato com o próprio Isael Freitas por meio do número 98863-2153, por onde também podem ser feitas denúncias caso um animal seja visto na pista, ou se dirigirem ao local onde está localizado o curral.

Fonte: Boa Informação


Nota do Olhar Animal: A irresponsabilidade de tutores faz vítimas entre animais humanos e não humanos. E em boa parte dos casos são vítimas fatais. Lamentavelmente, os animais continuam sendo devolvidos a seus tutores após pagamento de alguma multa. Isso precisa acabar.

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