Predador e presa, jaguatirica e veado bebem água no mesmo cocho colocado em área queimada no Pantanal de MT; veja vídeo

Predador e presa, jaguatirica e veado bebem água no mesmo cocho colocado em área queimada no Pantanal de MT; veja vídeo
Em período de escassez, jacaré procura água em reserva — Foto: Desse Godoi/ Sesc Pantanal

Um projeto desenvolvido em uma área de reserva particular no Pantanal mato-grossense abastece com água os tanques e cochos para ajudar os animais no período de seca. Semanalmente, uma equipe com um caminhão-pipa enche cinco tanques – que são pequenas represas – de água.

VÍDEO: Jaguatirica e veado bebem água no mesmo cocho no Pantanal

Nas horas difíceis, os animais com sede se aproximam, até mesmo predador e presa. Um vídeo gravado por uma câmera instalada em uma área de mata mostra um veado-campeiro e uma jaguatirica bebendo água no mesmo cocho.

A jaguatirica é predador do veado, mas, com a escassez de água, eles compartilharam o mesmo cocho.

A bióloga Cristina Cuiabália Neves que é responsável pelo projeto desenvolvido na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN Sesc Pantanal), em Barão de Melgaço, afirmou que os tanques estão espalhados na região central da reserva que possui em torno de 108 mil hectares.

Os tanques foram colocados nesse local há cerca de 25 anos, mas, quando a área se tornou reserva, eles foram mantidos com o objetivo de fornecer água para os animais silvestres.

A bióloga conta que esse trabalho começou no ano passado devido à falta de água na região central.

“Desde o ano passado a gente vem observando que essas áreas que, antes ficavam com água, estão secando e junto com uma rede de pesquisadores que trabalham com fauna fizemos o abastecimento de alguns pontos mais estratégicos como a região mais central da reserva que está distante do rio Cuiabá e do Rio São Lourenço”, disse.

Animais de reserva procuram água durante a seca — Foto: Desse Godoi/ Sesc Pantanal
Animais de reserva procuram água durante a seca — Foto: Desse Godoi/ Sesc Pantanal

Ela explica que nessa época do ano os animais migram para as margens de rios e baías para conseguir água, mas a região central é a mais distante desses locais úmidos, o que dificulta o acesso.

“A gente então está fazendo esse abastecimento para transformar em um trampolim para que eles consigam acessar as áreas que tem a disponibilidade maior de água”, contou.

O abastecimento desses tanques é feito uma vez por semana, dependendo das demandas de combate ao incêndio. Quando a equipe utiliza a estrutura de maquinário e caminhão pipa para apagar o fogo no entorno da reserva, o abastecimento de água fica comprometido.

Com o objetivo de fazer um estudo, a equipe colocou câmeras de monitoramento perto dos tanques para ver as ações dos animais e registrar as espécies que aparecem na região.

Com sede, tatu procura água em terra seca — Foto: Desse Godoi/ Sesc Pantanal
Com sede, tatu procura água em terra seca — Foto: Desse Godoi/ Sesc Pantanal

De acordo com a bióloga, desde o ano passado muitas espécies começaram a aparecer por causa da falta d’água.

“Os animais que aparecem com mais frequência são a anta, o tamanduá-bandeira, veados, cervos e muitas aves que chegam para tomar água e tomar banho. Onça-parda, onça-pintada, tamanduá-mirim, jacarés também são vistos”, disse.

Cochos experimentais

No ano passado, a equipe fez um projeto experimental abastecendo cerca de 165 cochos durante quatro meses devido ao incêndio no Pantanal. Nesse ano, o projeto ainda não foi colocado em prática, já que é preciso fazer uma análise se há a necessidade no momento.

“Nesse ano ainda não começamos esses atendimento com os cochos, apenas com os tanques. Estamos avaliando junto com pesquisadores e com os órgãos responsáveis a possibilidade, a necessidade e quais as orientações para iniciar a complementação do fornecimento de água”, explica.

Fonte: G1

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