Provedoria dos Animais de Lisboa quer santuário para touros bravos na capital portuguesa

Provedoria dos Animais de Lisboa quer santuário para touros bravos na capital portuguesa
Pandora vive na Reserva Del Toro Bravo.

O Provedor Municipal dos Animais de Lisboa, Pedro Emanuel Paiva, defende que as touradas são uma “pura barbárie”. E, por isso mesmo, apresentou uma recomendação à Câmara Municipal de Lisboa para que o município procure iniciar um diálogo com a Casa Pia de Lisboa — que atualmente tem a concessão até 2096 do terreno onde está a praça — com vista a acabar com a obrigatoriedade de realização de espetáculos tauromáquicos na Praça de Touros do Campo Pequeno.

A recomendação divide-se em quatro pontos essenciais para “acabar com a atividade de tauromaquia no município de Lisboa”, que passam, logo em primeiro lugar, pela sua não promoção. “É crucial que a Câmara Municipal de Lisboa assuma um sério comprometimento como mínimo ético-jurídico em matéria de tauromaquia, ao abster-se de apoiar ou de promover – direta ou indiretamente e a qualquer título –, a realização destes eventos socialmente fraturantes”, sublinha.

O segundo ponto prende-se com as negociações entre a CML e a Casa Pia. No entender de Pedro Paiva, só através de um diálogo entre a autarquia e a Casa Pia de Lisboa é que podem ser encontradas as alterações jurídicas das cláusulas contratuais que obrigam à realização de espetáculos tauromáquicos na Praça de Touros do Campo Pequeno.

Sobre esta questão, o provedor explica que o anterior presidente da CML, Fernando Medina, enviou uma carta à Casa Pia nesse sentido, mas que isso não basta. “Juridicamente não tem efeito, uma vez que alteração contratual entre a CML e a Casa Pia carece de proposta apresentada e aprovada em Assembleia Municipal”, sublinha Pedro Paiva à PiT.

O terceiro ponto da recomendação prende-se com a criação de um santuário do touro bravo como medida de proteção e preservação deste animal. E a ideia é que esse santuário seja criado no município de Lisboa, sendo colocada em cima da mesa a possibilidade de, através deste santuário, se “originar um novo conceito económico” – e isto “em cooperação com a Reserva Del Toro Bravo, fundada pelo empresário português Miguel Aparício”. “Está a ser feito um levantamento dos espaços”, diz o provedor à PiT.

Por último, o modelo de negócio social. Neste campo, o provedor recomenda que se assegure a compensação financeira anual para a Casa Pia pelos lucros obtidos nos projetos de ecoturismo e turismo experiencial integrados na criação de espaços não invasivos para contemplar o touro no seu habitat natural, entre outros previstos para o santuário.

Touros de lide merecem melhor

“A tourada é um lugar onde um ser humano, em consciência, aplica estratégias e recorre a armas para se medir contra um animal que não tem outro recurso senão o reflexo do seu instinto primário. Isto é uma forma ativa de pura barbárie”, aponta Pedro Paiva.

O provedor sublinha que “a capital é uma cidade comprometida com a proteção e o bem-estar dos animais”. E, por isso mesmo, no que diz respeito às atividades tauromáquicas no Campo Pequeno, “é fundamental não permitir a estagnação e fazer uma interpretação atualista daquilo que pensam e legitimamente desejam os munícipes nesta matéria: o fim das touradas”.

Os protestos contra a tauromarquia têm prosseguido em todo o País e nesta sexta-feira, às 19 horas, o partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) tem agendada uma ação de protesto pacífica contra o regresso das touradas ao Campo Pequeno, que contará com a presença da respetiva porta-voz e deputada única, Inês de Sousa Real.

Lá fora também há mão portuguesa na defesa dos touros de lide. O Animal Namigni, primeiro santuário fundado por Miguel Aparício na Colômbia e que influenciou a criação da Reserva del Toro Bravo, conta com mais de 400 animais. Destes, mais de 100 são bovinos de diferenças raças. No entanto, como explicou o empresário à PiT, estes são “tranquilos e pacíficos”, sendo assim “completamente diferentes” dos touros e das vacas de lide usados nas touradas.

Percorra a galeria para conhecer melhor este santuário e os animais que ali vivem.

Por Alexandra Ferreira

Fonte: Pit / mantida a grafia lusitana original

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