Tribunal de Justiça de MS desobriga Prefeitura de Campo Grande de custear ONGs para animais

Tribunal de Justiça de MS desobriga Prefeitura de Campo Grande de custear ONGs para animais
Vários gatos adultos reunidos em ONG de proteção animal após serem vítimas de abandono e maus-tratos. Foto: Arquivo/Marcos Maluf

O presidente do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), desembargador Sérgio Martins, deferiu pedido da Prefeitura de Campo Grande e suspendeu a decisão que obrigava o município a pagar os serviços prestados por ONGs (Organizações Não-Governamentais) e protetores independentes que resgatam cães, gatos e outros bichos das ruas da Capital voluntariamente.

A decisão derruba liminar concedida no dia 13 de novembro, que atendia ação protocolada pela 26ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente que pede, no mérito, a construção de abrigo em Campo Grande. Como medida emergencial, enquanto o mérito não fosse concedido, que o Município fizesse o ressarcimento às ONGs que fazem esse trabalho.

Conforme o pedido feito pelo procurador-geral do Município, Alexandre Ávalo, o cumprimento integral do pedido da 4ª Câmara Cível do TJMS, custaria aos cofres da Capital R$ 742 mil por mês para atender cães e, aproximadamente, R$ 754 mil mensais para cuidar dos gatos vítimas de maus-tratos e abandono.

Na justificativa apresentada ao TJ, a PGM (Procuradoria-Geral do Município) alegou que o pedido ocasionaria grave lesão às finanças da prefeitura, já que haveria impacto orçamentário estimado de R$ 17.952.000. “Fazendo com que deixe de prestar serviços essenciais à população, inclusive, outros serviços relacionados à própria política de bem-estar animal devidamente previstos e programados”, justificou o procurador.

Para o desembargador, o risco da decisão poderia comprometer a gestão do sistema de saúde da Capital. “Na espécie, sustenta o requerente que a decisão impugnada causará grave lesão à ordem e à economia públicas, porquanto não foram observados os parâmetros para nortear as decisões judiciais a respeito de políticas públicas voltadas à realização de direitos fundamentais, em evidente desrespeito ao princípio da separação dos poderes, além do que, se acaso cumprida integralmente e de forma imediata a tutela provisória deferida”, ponderou Martins.

A Comissão de Defesa dos Direitos Animais da OAB/MS (Ordem dos Advogados de Mato Grosso do Sul) estima que na Capital milhares de animais vivem em abrigos independentes. Levantamento, feito entre abril e agosto do ano passado, encontrou 2,8 mil bichos nessa situação.

Por Gabriela Couto

Fonte: Campo Grande News

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