UFRJ demole casas sem aviso prévio com animais no interior, afirmam moradores; veja vídeo do resgate
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizou na última terça-feira a demolição de casas na região conhecida como Praia do Mangue, na Ilha do Fundão. Segundo moradores, não houve aviso prévio e a faculdade não cumpriu a parte do acordo feito com as famílias de fornecer moradias na Vila Residencial. O resgatista, Randel Silva, denunciou que animais ainda estavam no interior no momento que o trator derrubava as paredes. Um gato, com apenas três patas, foi resgatado dos escombros após horas de busca.
Imagens gravadas por Randel mostram o momento exato em que o animal, conhecido como Frajola, é encontrado entre os escombros. Outros dois gatos não foram encontrados, apesar dos esforços.
A tutora de Frajola, Vanuza, disse que pediu ajuda até mesmo para o o prefeito Paulo Ripper, da Prefeitura Universitária — sem sucesso.
— Pedi para deixarem para tirar os bichos e fez de conta que não estava ouvindo. Tenho dois gatos lá embaixo — lamentou Vanuza.
De acordo com a UFRJ, foram retirados três cachorros e dois gatos das casas — entregues aos donos que estavam no local. Outra resgatista acionada para auxiliar os moradores, Chris Neri, contestou a versão.
— Disseram que fizeram uma vistoria, mas eles não têm competência para tal. Tinham que ter acionado algum órgão de proteção animal — relatou Chris.
Acordo por moradia
O vereador Luiz Carlos Ramos Filho considerou a ação irregular e informou que buscará junto a secretaria de habitação do município a inclusão das famílias desalojadas no aluguel social e no programa Minha casa, minha vida.
— Solicitarei à defesa civil que faça uma vistoria para tentar resgatar animais ainda com vida e vamos encaminhar representação ao Ministério Público — explica Ramos filho.
O acordo feito entre os moradores a faculdade era, inicialmente, de moradias serem construídas na Vila Residencial através de um projeto de crowdfunding. Atualmente, o financiamento coletivo está com R$ 50 mil em doações, de um total de R$ 105 mil necessários. Como a meta ainda não foi atingida, as casas não começaram as obras e as famílias alegam não ter onde morar.
— Vivo aqui há décadas. E agora? Não temos para onde ir — afirmou Lair Pereira, um dos moradores.
Procurada, a UFRJ alegou que o local já estava interditado e as famílias foram retiradas oficialmente em 25 de julho do ano passado. Na época, a Polícia Federal realizou uma operação de reintegração de posse. Em nota, a universidade afirmou que cumpria ordem judicial e auxilia os moradores: sete pessoas estão recebendo aluguel social, três delas estão no projeto para construção de casas na vila.
Por Matheus Maciel
Fonte: O Globo