Alegações de crueldade e bestialidade em fazenda de porcos surgem às vésperas de “CPI” na Austrália
No mês passado ativistas do Farm Transparency Project invadiram a fazenda de porcos Midland Bacon em Carag Carag e instalaram câmeras secretas dentro das instalações que filmaram cerca de 18 dias.
As câmeras capturaram práticas industriais legais, incluindo trabalhadores usando força bruta para eutanasiar leitões nanicos, bem como recortar dentes e prender caudas, que é usada para evitar dentadas, ferimentos e infecções.
As câmeras do circuito interno instaladas pelos ativistas também capturaram a visão de um homem que supostamente teria realizado um ato sexual contra um porco das instalações.
O programa 7.30 pôde revelar na terça-feira, 3 de março, que a polícia acusou o homem de Carag Carag, Bradley O’Reilly, de 30 anos, de bestialidade depois que os ativistas denunciaram o suposto ato à polícia.
O’Reilly comparecerá ao tribunal em junho.
Em um comunicado, um porta-voz de Midland Bacon disse que “não foi possível comentar a acusação da polícia, pois esse assunto estava agora perante os tribunais”.
“Nós estamos comprometidos com práticas de processamento humanizadas e nossos métodos estão em linha com os padrões aceitos da indústria”.
“Nós somos auditados duas vezes por ano para garantir que cumprimos nossas responsabilidades legais pelo bem-estar animal do gado”.
Inquérito sobre o bem-estar dos porcos
Ativistas do Farm Transparency Project deram provas sobre das imagens filmadas em Midland Bacon em um inquérito parlamentar vitoriano sobre o bem-estar dos porcos de criação, na terça-feira, 12 de março.
O inquérito foi anunciado no ano passado após o programa 07.30 mostrar o atordoamento com o gás carbônico que foi também capturado nas imagens do Farm Transparency Project.
A especialista em bem-estar animal Ellen Jongman analisou a imagem do 7.30 de trabalhadores da Midland Bacon usando força bruta para eutanasiar leitões nanicos, recortando dentes e prendendo a cauda.
Dr. Jongman disse que a visão estava dentro dos padrões da indústria, mas muitos fazendeiros estavam se afastando daquelas práticas.
“O processo de mudança para padrões (nacionais) de bem-estar animal tem sido muito lento”.
“Parte do problema é que um dos estados tem que defender o desenvolvimento de padrões de bem-estar animal para uma determinada espécie”.
“E esse processo tem sido muito lento e seria muito melhor… se houvesse mais abordagem nacional para isso e se houvesse um pouco mais de urgência por trás disso também, porque alguns desses códigos têm mais de 20 anos”.
“E você pode imaginar as mudanças que tem acontecido nos últimos 20 anos em termos de bem-estar animal”.
O diretor de Estratégias e Campanhas do Farm Transparency Project, Harley McDonald-Eckersall disse ao 7.30 que embora as práticas fossem legais, isso não as tornariam certas.
“Nós vamos abordar a investigação deles e, basicamente, dizer o que temos aprendido ao longo de décadas de ativismo fazendo este trabalho, que não existe nenhuma forma de confinamento de animais que seja humana, que seja ética”, disse McDonald-Eckersall.
A Deputada de Justiça Animal Georgie Purcell, que preside o inquérito sobre o bem-estar da criação de porcos, disse que a regulação da indústria de porcos era muito confusa.
“Temos, é claro, a Lei de Prevenção a Crueldade Contra os Animais em Victoria, mas animais de criação estão regularmente excluídos disso”, disse ela.
Purcell disse que os códigos de prática precisavam ser não apenas atualizados, mas obrigatórios.
“Eles são voluntários agora. E quando nós olharmos para nossos códigos de prática para animais de companhia, eles são obrigatórios”, disse Purcell.
“Então, essencialmente, cabe à indústria de porcos e diferentes fazendas decidirem como eles querem tratar seus animais”.
Por Rhiana Whitson / Tradução de Fátima C. G. Maciel
Fonte: ABC
Nota do Olhar Animal: É bom lembrar a EUTANÁSIA é um ato de caráter misericordioso e que deve atender aos interesses de quem o sofre, e não aos interesses de quem o pratica. Só pode ser chamado de “eutanásia” o ato de abreviar a vida de um animal com doença incurável e em estado irreversível de sofrimento.