Ativistas da África do Sul pedem a proibição da exportação de animais vivos

Ativistas da África do Sul pedem a proibição da exportação de animais vivos
Os manifestantes se reuniram no cruzamento da Hertzog Boulevard com a Christian Barnard Street, no centro da cidade.FOTO: KAYLYNNE BANTOM

Acabem com a crueldade, proíbam a exportação de animais vivos. Enviados para a morte. Sem proibição, sem voto. Essas foram algumas das mensagens escritas em cartazes carregados por um grupo de ativistas de várias organizações de direitos dos animais durante um protesto contra a exportação de gado na África do Sul.

O protesto, realizado pela organização de direitos dos animais Beauty Without Cruelty (BWC), foi realizado na terça-feira, 2 de abril, no cruzamento da Hertzog Boulevard com a Christian Barnard Street, no centro da cidade.

O protesto foi em resposta à atracação de um navio de exportação de animais vivos, Al Messilah, na cidade sul-africana Londres Oriental, mais cedo naquele dia. O navio estava carregado com cerca de 58.000 ovelhas, 1.500 bovinos e 200 caprinos antes de seguir para o Kuwait e a Arábia Saudita, onde os animais seriam abatidos.

A atracação ocorreu apenas dois meses depois que o “navio da morte” Al Kuwait, transportando 19.000 bovinos, atracou no porto da Cidade do Cabo.

Dignidade e respeito

Toni Brockhoven, presidente do BWC, disse que eles protestarão toda vez que um navio de exportação de gado atracar na África do Sul. “Trata-se da dignidade e do respeito que temos por esses animais que serão abatidos. É inaceitável submetê-los a essa miséria e sofrimento extremos, alguns dos quais morrerão a bordo ou terão membros quebrados devido ao grande número de animais presentes”.

Brockhoven pediu que a exportação de gado fosse condenada por todos. “Toda pessoa com uma mentalidade decente deveria dizer não à exportação de animais vivos. É um constrangimento e uma vergonha que nosso governo não consiga enxergar além de suas próprias necessidades imediatas no que diz respeito a finanças. Isso pode ser a criação de empregos na África do Sul. Poderia estar criando novos abatedouros.”

“Nossa presença hoje não vai mudar a opinião do governo. Mas esperamos que isso crie uma conscientização para o público.”

Michelle Taberer, cofundadora da Stop Live Export South Africa, uma organização que conscientiza sobre os horrores do comércio de exportação de gado, disse que eles estão pedindo a proibição imediata do comércio.

“Queremos que mais pessoas nos apoiem e apoiem nosso movimento. Pedimos às pessoas que apoiem esses tipos de protestos. Porque quanto mais conscientização criarmos, mais pressão exerceremos sobre o governo e o Departamento de Agricultura para proibir a exportação de animais vivos.”

“As pessoas podem nos seguir nas mídias sociais.”

A manifestante Gabrielle van Heesch disse que a exportação de animais vivos é “extremamente cruel”.

“Não há preocupação alguma com os animais, é apenas por dinheiro. O que esses animais passam só para serem abatidos é desumano. Eles ficam em navios por semanas a fio, têm sentimentos e sentem medo.”

Ela acrescentou: “Quero que a exportação de animais vivos seja eliminada em todo o mundo. Isso não deveria estar acontecendo. As pessoas precisam comer, mas há maneiras de contornar isso.”

Outra manifestante, Sharon Fields, disse: “É abominável que, nos dias de hoje, a exportação de animais vivos ainda esteja ocorrendo. É apenas uma forma de ganhar dinheiro e isso é chocante. Isso pode ser facilmente interrompido.”

Julgamento

Enquanto isso, a NSPCA (National Council of Societies for the Prevention of Cruelty to Animals – Conselho Nacional de Sociedades para a Prevenção da Crueldade contra os Animais) disse em uma declaração à imprensa que saudou a decisão da Divisão de Cabo Oriental do Tribunal Superior, Makhanda, por afirmar o mandato da NSPCA em relação à triagem de todos os animais a bordo do Al Messilah.

Isso ocorreu depois que a exportadora Al Mawashi, por meio da empresa Page Farming Company, entrou com um pedido de urgência no Tribunal Superior na sexta-feira, 29 de março, para impedir que a NSPCA marcasse os animais comprometidos para evitar que fossem embarcados no navio e que as ovelhas que estivessem grávidas fossem examinadas.

“A Al Mawashi, no entanto, retirou a isenção em relação às ovelhas grávidas no último minuto, devido à presença de ovelhas grávidas no confinamento e com pelo menos uma (naquele estágio) dando à luz no confinamento.”

“Isso apesar de Bruce Page, da Page Farming Company, ter declarado sob juramento que todas as ovelhas foram examinadas “minuciosamente” quanto à gravidez e que nenhuma ovelha prenha seria exportada. No entanto, o veterinário da NSPCA, Dr. Marock, bem como o veterinário estadual, Dr. Zondi, confirmaram que há animais em gestação, alguns visivelmente, no confinamento”, diz a declaração.

O Tribunal decidiu que a NSPCA está dentro de seu mandato e de seus direitos, conforme endossado pelo Tribunal Constitucional e nos termos de seu mandado, para examinar todos os animais no confinamento e as condições em que são mantidos.

“O abominável processo cruel e apressado de tosquia de ovelhas ao qual a Al Mawashi recorreu, devido ao seu cronograma autoimposto e voltado para o lucro, foi apresentado nos documentos da NSPCA e as provas apresentadas foram aceitas pelo Tribunal.”

“A Al Mawashi agora tem uma ordem de custos para honorários advocatícios contra ela, embora esses custos não incluam a enorme despesa para manter nossas equipes no confinamento e no porto, para conduzir a triagem crucial e a prevenção da crueldade contra os animais”, concluiu a declaração.

Por Kaylynne Bantom / Tradução de Ana Carolina Figueiredo

Fonte: News 24


Nota do Olhar Animal: O transporte é uma das situações no sistema de produção de carne e de outros produtos de origem animal em que os animais são submetidos a intensos maus-tratos. Trata-se de um agravante em relação ao dano maior, que é o abate, que viola o interesse mais básico destes seres, que é o interesse em viver. Só há uma forma definitiva de poupar os animais de todo esse sofrimento, só há uma maneira de não ser cúmplice da crueldade e da injustiça cometida contra eles: é não consumindo estes “produtos” e, assim, deixando de financiar as atrocidades cometidas contra estes animais.

Se a morte dos animais é o principal problema, há também outras questões bem graves vinculadas à exportação de animais vivos, como o trabalho escravo e o desmatamento, indicados em uma matéria do UOL que pode ser acessada aqui.

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