Ritual com animais mortos em Mairinque (RS) vira caso de polícia

Ritual com animais mortos em Mairinque (RS) vira caso de polícia

O caso de um ritual de magia de matriz africana, que assustou e revoltou moradores de Mairinque durante a manhã e tarde de sexta-feira (12/04), virou caso de Polícia.

Comerciantes revoltados com o modo em que o ritual foi exposto em via pública, com sangue e restos mortais de um bode e uma galinha, afetou parte do comércio da avenida Francisco de Assis Pinto de Oliveira.

Comerciantes que pediram para não serem identificados nesta matéria, informaram que o ritual deixado na porta do Banco do Brasil, afetou o movimento dos comércios locais, muitas pessoas temeram pelo ritual, dito por eles como, macumba pesada, e que assim muitas pessoas com medo evitaram ir às lojas próximas de onde estava o ritual.

Uma equipe da Polícia Militar foi acionada e esteve no local e registram o fato, pouco tempo depois ao final da tarde o vaso com a galinha e cabeça de um bode, foram retirados do local. Porém, não há informações sobre quem retirou os restos mortais dos animais.

Moradores locais, bem como comerciantes, acionaram a Prefeitura antes da chegada da Polícia ao local, mas a Prefeitura informou que não poderia agir na situação, pois não dispõe de um setor específico para isso, como outras cidades têm, para remoção de animais mortos e abandonados em vias públicas.

Um comerciante de modo independente registrou o caso na delegacia eletrônica, assim muito em breve o caso deve ser apurado pela Polícia Civil, para identificar quem colocou o material no local, que gerou revolta e indignação a demais pessoas.

O que diz a lei sobre ritual de magia com sacrifício de animais?

Muitas pessoas não sabem, mas o ritual de magia com sacrifício de animais é legalmente reconhecido e autorizado pelo STF – Supremo Tribunal Federal. Essa situação é constitucional desde março de 2019.

Em suma, essa decisão é autorizada legalmente desde que os animais não sejam submetidos a maus-tratos, tortura ou práticas de crueldade.

Por Igor Juan

Fonte: Correio do Interior


Nota do Olhar Animal: Maus-tratos são maus-tratos, independentemente de ocorrerem em rituais, abate para consumo ou qualquer outra forma de exploração animal. O sacrifício ritualístico de animais ocorre em diversas religiões. E de todas elas deve ser banido, inclusive os sacrifícios ocorridos nas celebrações cristãs, como os que acontecem no Natal e Páscoa. O que é justo é que animal algum tenha o destino que lhe é dado em práticas religiosas, sem exceção. Porém, quem explora os animais para rituais se esconde atrás de argumentos como o da isonomia em relação ao tratamento dispensado a outros grupos religiosos. Escondem-se também atrás da “liberdade religiosa”, preceito constitucional que jamais se aplicaria se as vítimas fossem humanas.

Infelizmente, parte do ativismo animalista “comprou” esse discurso, mas não o sustenta quando o tema são outras áreas da exploração animal. Por exemplo, ativistas jamais se posicionaram contra a aprovação de leis estaduais de proibição ao uso de animais em circos, ainda que em outros estados a atividade continuasse liberada. Jamais alegaram algum tipo de discriminação contra os povos de Alagoas, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraíba e Pernambuco, pelo fato de nestes estados terem sido aprovadas leis que proíbem animais em circo, mesmo que baianos, amazonenses, goianos, potiguares, sul-matogrossenses e outros não vivenciem a mesma restrição. Por conta desta falta de simultaneidade, a proibição ao uso de animais em circos não deveria ter ocorrido em 12 estados? Esta abrangência parcial e circunstancial representa alguma forma de discriminação? Fôssemos considerar este raciocínio, não seria justo querer que uma outra pessoa se torne vegana sendo que a maioria dos humanos não o é e não se tornará vegana simultaneamente. O ativismo sustentar que, se a proibição não alcançar todas as religiões, a interrupção NÃO deve ocorrer, é tudo que quem explora quer ouvir de quem, a princípio, deveria defender os interesses dos animais. Quando estes protetores tratam de rituais, tiram o foco dos interesses dos animais e passam o foco para os interesses humanos. Interesses egoístas, diga-se de passagem, pois os rituais se destinam à obtenção de benesses para quem os pratica, às custas do sofrimento e morte dos bichos. Por isso, é lamentável ver ativistas defendendo que o fim das mortes em rituais de religiões de matriz africana só deve ocorrer quando acabarem nas demais religiões. Desconhecemos que estes ativistas tenham lançado alguma campanha ampla pelo fim do uso de animais em rituais para todas as religiões nas vezes em que o tema veio à tona (aprovação de lei sobre o assunto no RS ou por ocasião do julgamento da questão pelo STF, por exemplo). Estes ativistas se restringem a proteger os rituais destas religiões e se omitem sobre a defesa de suas vítimas. Não querem ficar “mal na fita” e serem acusados de racismo, etnocentrismo e outros “ismos”. Assim, optam por um “ismo” socialmente mais aceito: o especismo. E, defensivamente, imputam os outros “ismos” a quem se mantêm firme na defesa incondicional dos animais. Não há dúvidas de que esta é uma posição vergonhosamente especista e que colabora para o prolongamento do sofrimento e a morte impostos aos animais.

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