Português de 17 anos transmitia ao vivo torturas contra animais e incentivava massacres em escolas
Um português de 17 anos, residente no Grande Porto, foi ontem detido pela Unidade Nacional Contraterrorismo da Polícia Judiciária (PJ) por fortes indícios de crimes de homicídio qualificado, ofensas à integridade física qualificada, discriminação e incitamento ao ódio e à violência, e ainda pornografia de menores. O jovem geria um grupo online na plataforma Discord que promovia propaganda extremista nazi, incitava a comportamentos violentos, divulgava vídeos de automutilação grave de jovens com objetos cortantes, fazia transmissões ao vivo de mutilação e morte de animais, e instigava a massacres em escolas. O jovem, que está a ser investigado pela PJ e pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, em colaboração com a Polícia Federal do Brasil – num processo que tem caráter de urgência devido à gravidade das suspeitas – é ainda apontado como responsável pela promoção de um violento ataque com um revólver calibre 38 que ocorreu, em outubro do ano passado, numa escola de Sapobemba, São Paulo, Brasil, e que causou a morte de uma jovem de 17 anos.
De acordo com o comunicado da PJ, o rapaz agora detido promoveu no grupo do Discord imagens da arma e do gorro que foram usados no massacre, bem como da escola onde ocorreu o crime. Essa partilha de imagens foi feita pelo próprio autor do ataque no Brasil. O jovem português tinha como hábito dar conselhos nesse grupo online “quanto ao modus operandi e indumentária a envergar pelos demais intervenientes aquando da preparação e prática dos crimes”, através de “um ideário particularmente violento e extremista”.
Durante a investigação, a PJ descobriu ainda que além das imagens das mutilações também eram partilhados vídeos de jovens a beber detergente e que o jovem detido partilhava e vendia pornografia infantil. O suspeito criou e geria o grupo na plataforma online e ali agrupava pessoas que partilhavam dos mesmos ideais extremistas e que pretendiam cometer atos de automutilação, mutilação de animais ou massacres em escolas. s no grupo, incluindo transmissões ao vivo de agressões contra animais que levam à sua mutilação e morte, jovens a beber detergente e a auto mutilarem-se com objetos cortantes.
A investigação teve caráter prioritário porque a lei 51/2023 de 28 de agosto define que a criminalidade violenta e especialmente violenta deve ser investigada com urgência. O suspeito será hoje presente a um juiz para aplicação das medidas de coação.
Durante a operação de buscas, a PJ apreendeu um enorme acervo de provas em formato informático e digital. A investigação irá continuar em termos internacionais para considerar identificar outros agentes que possam estar envolvidos nesta rede.
Por Sílvia Caneco
Fonte: Sapo / mantida a grafia lusitana original