Projeto de lei da Califórnia busca capacitar os alunos a recusarem a dissecação cruel de animais

Projeto de lei da Califórnia busca capacitar os alunos a recusarem a dissecação cruel de animais

Os legisladores da Califórnia [EUA] acabaram de propor um projeto de lei apoiado pela organização PETA que poderá modernizar a educação científica e capacitar alunos a optarem por não assistir aulas cruéis em suas escolas. O deputado californiano Ash Kalra (San José) apresentou o Projeto de Lei 2640 – a Lei CLASS (Avanços de Aprendizagem Compassiva para Estudantes de Ciências, em tradução livre) – patrocinada pela PETA, Compaixão Social no Legislativo (SCIL, sigla em inglês) e pelo Comitê de Médicos para Medicina Responsável.

O que é a lei CLASS?

Se aprovada, a Lei CLASS exigirá que os professores informem seus alunos sobre as preocupações ambientais e de fornecimento causadas pela prática da  dissecação, bem como seu direito de escolher um substituto que não seja animal. Este projeto pioneiro apoiaria um ambiente de aprendizagem mais inclusivo e informado sobre traumas, e poderia ajudar a prevenir a morte de muitos animais todos os anos.

Dissecação de Animais é uma Lição de Crueldade

Todos os anos, mais de 10 milhões de animais são usados para dissecação em sala de aula nos EUA – e muitos deles, como sapos, são mortos especificamente para essa prática arcaica. Sapos e outros animais são retirados de seus habitats na natureza, enquanto outros vêm de instalações de reprodução. Fetos de porcos que acabam em uma bandeja de dissecação são frequentemente retirados do útero de suas mães em um matadouro ensanguentado. Os gatos usados para dissecação podem ter sido o companheiro perdido de alguém.

Os educadores devem promover um ambiente de aprendizagem compassivo – mas forçar os alunos a abrir animais promove exatamente o oposto. A dissecação animal ensina aos alunos que nossos companheiros animais nada mais são do que ferramentas ou suporte técnico a serem mutilados e depois descartados. Também desperdiça fundos escolares, expõe alunos e educadores ao formaldeído – um conhecido agente cancerígeno – e priva os alunos do uso de métodos avançados de simulação, que estudos mostram serem superiores, em termos de aprendizagem, ao corte de animais.

Os Alunos Merecem uma Ciência Melhor

Nenhuma escola de medicina nos EUA ou no Canadá está engajada na dissecação de animais como ferramenta de ensino. Os avanços na tecnologia de simulação médica, as necessidades dos educadores por melhores ferramentas de ensino e avaliação e a crescente preocupação com o uso de animais em experimentos contribuíram para uma mudança de paradigma na educação biomédica. Hoje, o ensino baseado em simulação é o padrão ouro de melhores práticas nas escolas médicas. Todos os alunos, incluindo os do ensino fundamental e médio, merecem poder usá-lo.

“A dissecação é uma prática desatualizada, perigosa e desumana que a Califórnia precisa deixar para trás”, disse Judie Mancuso, fundadora e CEO da SCIL – Social Compassion in Legislation (Compaixão Social no Legislativo, em tradução livre). “As tecnologias digitais oferecem uma compreensão muito melhor da anatomia animal e poupam as crianças de serem expostas ao formaldeído, um conhecido agente cancerígeno. A resolução HR 28, a Resolução de Educação Humanitária (em tradução livre), patrocinada pela SCIL em 2015 e adotada com apoio bipartidário, lembra às escolas que elas são obrigadas por lei a promover empatia, compaixão e respeito aos animais nas salas de aula. Forçar as crianças a cortar animais faz exatamente o oposto. Não há nada na lei atual que exija o ensino da dissecação. É uma escolha fácil para as escolas fazerem a transição para uma abordagem segura, barata, moderna e humana.”

Alunos começam a dissecar um sapo, fornecido pelo programa piloto de dissecação da TeachKind Science, em 2023.
Alunos começam a dissecar um sapo, fornecido pelo programa piloto de dissecação da TeachKind Science, em 2023.

Estudos mostram que os alunos que utilizam métodos sem uso de animais têm um desempenho tão bom quanto, se não  melhor, do que seus colegas que dissecam animais, de acordo com uma revisão sistemática publicada no The American Biology Teacher (O Professor Americano de Biologia, em tradução livre), um dos principais periódicos de educação científica revisados por pares. Métodos sem o uso de animais—como o eMind, um software de dissecação, e modelos sintéticos para dissecação— também reduzem os custos e o desperdício. Os principais programas acadêmicos, incluindo o International Baccalaureate, o Next Generation Science Standards (Nova Geração de Padrões em Ciências, em tradução livre) – que a Califórnia adotou em 2013 – e o programa Advanced Placement (Posicionamento Avançado, em tradução livre) do College Board, não exigem – ou sequer mencionam – a dissecação de animais em seus currículos.

Ajude-nos a acabar com a Dissecação de Animais

A divisão de educação humanizada em ciências da PETA, TeachKind Science, trabalha com educadores para substituir o uso de animais nas salas de aula por softwares de dissecação interativos  e modelos realísticos.

Se você é pai, converse com seu filho sobre dizer NÃO à dissecação de animais e pedir uma opção moderna e humana. Se estiver na Califórnia, fique atento a formas de apoiar este projeto de lei. Certifique-se de se inscrever nos e-mails da PETA para ser alertado sobre maneiras de ajudar.

Por Elena Waldman / Tradução de Sônia Zainko

Fonte: PeTA

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