Sem habitat, animais silvestres sofrem com choques elétricos em Goiânia

Sem habitat, animais silvestres sofrem com choques elétricos em Goiânia
Sagui morto na rede elétrica. (Foto: Reprodução)

A expansão urbana desenfreada tem feito com que animais, principalmente primatas e aves, sofram com choques elétricos. Apenas o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Goiânia, por exemplo, recebeu 103 animais vítimas de choque elétrico entre 2020 e julho de 2023.

Os dados, porém, são subnotificados conforme o analista ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Leo Caetano. Isso ocorre porque o solicitante não informa ou não sabe informar à equipe se o animal encontrado foi vítima de descarga elétrica, seja nas redes de alta tensão ou em fios soltos.

A espécie que mais sofre é o sagui-de-tufos-pretos, responsável por com 48,5% (50) dos atendimentos no período. A lista também conta com a arara-canindé, ameaçada de risco de extinção, além de répteis como jabuti. Outros primatas e aves também compõem os atendimentos.

“Várias espécies estão se adaptando a viver nas cidades e, por esse motivo, estão mais expostas a esses perigos. Alguns animais, como as aves, também usam os postes como locais para ninho. No caso dos primatas, eles acabam usando os cabos como meios de passagens entre parques e outras árvores”, explicou Leo.

Dos 103 animais que chegaram ao Cetas, de acordo com Leo, 50 não resistiram aos ferimentos e morreram e outros 50 foram reintegrados novamente à natureza. Outros dois chegaram mortos e um bugio ainda aguarda se recuperar das queimaduras provocadas na pele e na boca.

Os animais que sofrem amputações ou ferimentos graves que os impedem de viver sem cuidado adequado, são condenados a viver o resto da vida em cativeiro. Eles são enviados a zoológicos ou mantenedores de fauna.

“O Cetas recebe os animais resgatados pelos órgãos ambientais competentes e tenta salvar a vida desses animais. A população deve informar o órgão ambiental municipal caso verifique alguma situação de risco, como ninhos em postes elétricos e mamíferos usando fios. O contato do Cetas é o (62) 99482-7137”, informou o analista do Ibama.

Percentual de aumento

O número de animais resgatados após serem eletrocutados tem seguido tendência de aumento. Em 2020, por exemplo, foram registrados 20 resgates, número que passou para 29 em 2021. No ano passado, o Cetas contabilizou 39 acidentes com animais neste sentido. Este ano, até o mês de julho, foram 15 ocorrências.

A veterinária do Cetas, Jessica Rocha Gonçalves, explica que grande parte dos animais chegam debilitados, visto que o choque, independe do tamanho do animal, pode provocar lesões em órgãos internos e membros. A queda do animal ao chão também é responsável por traumatismos cranioencefálicos e múltiplas fraturas.

“Dentro do centro tem um protocolo de atendimento para choque de trauma por rede elétrica, pois muitos desses animais têm múltiplas lesões. Contamos com uma UTI animal, onde eles recebem todos os cuidados necessários pela equipe veterinária”.

Jéssica diz que o Cetas usa uma técnica desenvolvida por ela em 2019, onde é usada pele do peixe tilápia no tratamento de feridas dos animais, que faz com que a cicatrização acelere.

“A pele protege e dá colágeno e tem ativos de analgesia, gerando um melhor conforto para o animal e permite que a gente faça curativos uma vez por semana, para não ter que sedar o animal sempre”, concluiu.

Por Pedro Moura

Fonte: Jornal Opção


Nota do Olhar Animal: Lamentavelmente, matam animais sencientes para tratar outros animais sencientes, menos importantes para estas pessoas em sua equivocada hierarquia moral dos animais.

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