Transferência de cachorros para local sem estrutura gera indignação de protetores animais em Urussanga, SC
O desalojamento dos cachorros que estavam no Parque Municipal Ado Cassetari Vieira, em Urussanga, gerou indignação dos protetores animais da cidade. Os cães que estavam no local foram levados ao espaço do Grêmio dos Agentes Públicos de Urussanga (Gapu) pelo Conselho Municipal do Bem-Estar Animal (Combea). A situação gerou uma nota de repúdio da Organização Não Governamental (ONG) Quatro Patinhas, já que o local não possui uma estrutura adequada para que os animais possam viver.
De acordo com o protetor Álvaro Escaravaco, sempre houve cães no Parque Municipal. Além desses, o espaço conta com animais resgatados pelo Combea. Conforme Álvaro, são cerca de dez cães atendidos pelo conselho, somados aos animais que já vivem no parque. Segundo Álvaro, o prefeito determinou a retirada desses cães do Parque Municipal há algumas semanas. “O prefeito determinou a retirada, no meu entender, de maneira soldada, uma decisão equivocada e foram levados para o Gapu. Não vou fazer uma crítica aqui a diretoria do Gapu, que gentilmente cedeu o espaço, mas aí tem estrutura zero mesmo, não tem energia, não tem água, quando chove não tem como acessar o Gapu”, afirmou o protetor.
Apesar de terem sido levados ao Gapu, os animais retornaram sozinhos ao parque. “Até onde tenho conhecimento eles retornaram de livre e espontânea vontade para o Parque Municipal, o que era uma coisa óbvia”, disse Álvaro. “Eu quero deixar claro também aqui que eu não acho o Parque Municipal o local mais adequado”, acrescentou. Segundo Álvaro, a administração poderia ter consultado os protetores animais e as ONGs para discutir qual a melhor solução para atender os animais que estão na rua. O assunto foi tema de entrevista no programa Comando Marconi. Ouça na íntegra:
Os protetores animais de Urussanga estarão presentes na sessão da Câmara de Vereadores desta terça-feira, dia 19. Conforme Álvaro, o diretor do Meio Ambiente, Márcio Moreira, foi convidado para participar da reunião e dar mais explicações sobre o assunto, já que o Combea faz parte da diretoria. “Ele a princípio tinha indicado outras duas pessoas para irem no lugar, mas eu recebi a informação ontem à noite que o prefeito determinou que ele fosse pessoalmente, mas é uma coisa extraoficial”, comentou Escaravaco.
Confira a nota divulgada pela ONG Quatro Patinhas:
Nota de Repúdio: Desalojamento dos Cães do Parque Municipal de Urussanga
O Grupo Quatro Patinhas vem por meio desta expressar sua profunda indignação com a recente ação ocorrida no Parque Municipal de Urussanga, onde diversos cães que habitavam o local foram desalojados e levados para uma área isolada, desprovida de abrigo e condições adequadas.
Tais ações não apenas violam os princípios básicos de cuidado animal, mas também desrespeitam a Lei Estadual de Proteção Animal de Santa Catarina (Lei nº 12.854, de 22 de dezembro de 2003), a qual preconiza a garantia de condições dignas de vida para os animais, assegurando-lhes proteção contra qualquer forma de negligência, crueldade e abandono.
A atitude tomada pelas autoridades municipais não apenas é desumana, mas também demonstra uma total falta de sensibilidade e empatia para com esses seres indefesos que tanto dependem de nós para sua sobrevivência e bem-estar.
Reiteramos nosso compromisso com a defesa dos direitos dos animais e apelamos para que medidas efetivas sejam tomadas no sentido de garantir que esses cães sejam realocados em locais adequados ou voltem ao local anterior, onde possam receber os cuidados e o carinho que merecem.
Confira a nota do Gapu:
Nota de Esclarecimento
O GAPU vem por meio desta, esclarecer algumas informações solicitadas pelos diversos meios de imprensa da cidade, sobre a real propriedade do espaço, bem como a situação dos animais de rua, que estão temporariamente alojados no terreno do GAPU.
Primeiramente, o GAPU é uma entidade privada, sem fins lucrativos, mantida e gerenciada por servidores públicos, não possuindo qualquer vínculo com a Prefeitura ou outro órgão público.
Quanto a situação dos animais, houve a manifestação de interesse por parte do Sr. Pedro Célio, Coordenador do COMBEA, em solicitar a área emprestada, para abrigo e cuidado temporário dos animais.
Situação esta que foi exposta para a diretoria, que informalmente, havia aceitado o pedido de empréstimo da área, até o início das reformas do GAPU, que serão iniciadas o mais breve possível, a começar pelo cercamento de toda a área, do qual os animais seriam alocados para outro local. O GAPU apenas cedeu o espaço, não tendo responsabilidade alguma sobre os cuidados e cumprimento de obrigações legais, uma vez que grande maioria dos associados, possuem carinho pelos animais de rua de nossa cidade.
Diante da repercussão do assunto, a diretoria reuniu-se novamente e decidiu informar ao Sr. Pedro Célio, da finalização do empréstimo, uma vez que as obras serão iniciadas brevemente, afim de trazer segurança para os animais que ali estão até o momento.
Cordiais saudações,
Mauro Paes Correa
Presidente do Gapu
A produção da Rádio Marconi solicitou um esclarecimento da prefeitura de Urussanga sobre o assunto. A nota de esclarecimento foi enviada pela prefeitura após o fechamento e a divulgação da matéria, às 16h41 desta terça-feira, dia 19. Confira:
Nota de Esclarecimento
A prefeitura de Urussanga vem oficialmente e publicamente reforçar seu repúdio contra todos os tipos, ou atos que configurem, maus tratos animais. O poder público municipal entende, inclusive, que o abandono é uma das formas mais cruéis de maltratar um animal e que infelizmente, apesar de todos os esforços de ações educativas e combativas, se depara diariamente com novos casos do problema, originados pela posse irresponsável de tutores despreocupados com o bem-estar dos bichos. É importante salientar e lembrar que a atual administração é a responsável pela implantação de uma Lei Municipal que instituiu o Conselho Municipal do Bem-estar Animal, o Combea, com o objetivo de assistir os animais de rua vítimas da ignorância humana.
Entretanto, o dispositivo legal estabelece limitações ao trabalho do município. Sendo determinado que: os animais de rua serão recolhidos, chipados, castrados, cadastrados e registrados pelo órgão municipal, cujo limite mensal de animais será regulamentado por decreto;
Il – após o procedimento, especialmente de castração, os animais serão acolhidos em lares voluntários pelo período de até 30 dias;
III – após o período em lar voluntário, será providenciada a realização de Feira de Adoção, para exposição do animal. Caso o animal não seja adotado, ele voltará à rua (ao local de origem), devidamente registrado e castrado.
IV – no caso de devolução ao local de origem, cabe à COMBEA notificar, pelo menos 03 (três) moradores de residências distintas da comunidade local a situação do animal, enfatizando que está esterilizado, devidamente registrado e identificado eletronicamente.
Justamente por defender os animais, os que estavam no Parque Municipal, sendo muitas vezes incompreendidos em sua essência irracional e vítimas da intolerância humana, foram levados momentaneamente e emergencialmente ao Gapu, que pertence aos servidores municipais, para serem bem assistidos até a Feira de Adoção que acontecerá no dia 13 de abril de 2024.
A prefeitura jamais compactuará ou aceitará atitudes contra um animal indefeso, deixado à sua própria sorte por aqueles que carecem de humanidade. No mais reforçamos que a prefeitura é parceira de ações promovidas que visam combater ações de violência animal e convida todas as ONGs e instituições de proteção animal a se engajarem em nossa constante luta contra a povoação de animais de rua, com a conscientização da população de que não é possível mais conviver com o abandono de animais.
Prefeitura Municipal de Urussanga
Fonte: Rádio Marconi