Delegado apura se peruano suspeito de maus-tratos a pit bulls em Anápolis colaborou com rinhas em São Paulo

Delegado apura se peruano suspeito de maus-tratos a pit bulls em Anápolis colaborou com rinhas em São Paulo
Polícia encontra três cães carbonizados e resgata outros 30 com sinais de maus-tratos em chácara de Anápolis — Foto: Polícia Civil/Divulgação

A Polícia Civil apura se um peruano investigado por maus-tratos a pit bulls em Anápolis, a 55 km de Goiânia, tem alguma relação com as rinhas flagradas em Mairiporã, na Grande São Paulo. Um médico goiano foi detido na cidade paulista suspeito de participar das brigas, mas nega crime.

O delegado Éder Martins chefiou uma operação, em novembro deste ano, que resgatou 30 pit bulls machucados em uma chácara. No local, outros três estavam carbonizados.

Segundo o investigador, há indícios de que o mesmo peruano que mora em Anápolis e é investigado pelos maus-tratos teria levado pit bulls para participar de rinhas em Mairiporã.

“Pelos ferimentos, as mordidas que os animais tinham, a gente verificou que eles poderiam estar sendo usados em uma rinha. A partir daí, a Polícia Civil instaurou um Inquérito para apurar se as pessoas estavam contribuindo para essa atividade criminosa [promovendo rinhas com os pit bulls]”, explicou.

Foto: Polícia Civil do Paraná/Divulgação
Foto: Polícia Civil do Paraná/Divulgação

Martins também contou que foram feitas perícias e apurações na cidade desde o resgate dos cachorros – que agora estão sob cuidados de ONGs –. Essas informações estão sendo compartilhadas com as polícias de São Paulo e Curitiba para ajudar a descobrir se são todas ações de uma organização criminosa.

“A gente verificou que ele [o peruano investigado] tem várias entradas na Republica Dominicana, inclusive em uma ocasião em que foram encontradas rinhas lá. Também há registro de que ele foi a São Paulo”, afirmou.

https://youtu.be/p9TZlBSPR94

Médico suspeito

O médico Leônidas Bueno Fernandes Filho, de 40 anos, foi preso em flagrante no último sábado com outras 40 pessoas, todos suspeitos de forçar os animais a brigarem. A defesa dele nega qualquer envolvimento com o crime. Ele foi solto após pagar quase R$ 60 mil de fiança.

Manifestantes fizeram um ato à frente da clínica dele na manhã desta quinta-feira (19), no Setor Marista, em Goiânia. O local estava fechado e com dois seguranças à porta. Cerca de 50 protetores de animais participaram do protesto pedindo a prisão de Leônidas e a punição dele.

Médico Leônidas Bueno Fernandes Filho de Goiás, preso durante rinha em São Paulo. — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Investigação

Em um vídeo gravado no momento da prisão, o médico disse que estava na chácara para buscar o cachorro de um amigo de Goiânia, onde reside (veja acima). O profissional aparece sentado na arena onde ocorriam os combates e, ao ser acusado por um policial de “pôr os bichinhos para brigar”, ele nega e tenta se defender.

Ao todo, a Polícia Civil de São Paulo encontrou 19 animais, todos da raça pit bull, muito machucados. Um deles estava morto.

Segundo a Polícia Civil, Leônidas e mais um médico veterinário eram responsáveis por reanimar os cães machucados durante as lutas. O advogado do médico afastou por completo qualquer participação do cliente nestes atendimentos.

https://youtu.be/iBEb7_K8adk

Moção de repúdio

A Câmara Municipal de Goiânia aprovou, em sessão na terça-feira (17), uma moção de repúdio na qual pede a “suspensão imediata” do registro de Leônidas junto ao Cremego.

O documento foi proposto pelo vereador Zander Fábio (Patriota), que é presidente da Comissão de Proteção, Direitos e Defesa dos Animais da Câmara. A indignação ao ver a forma como os animais eram tratados, segundo ele, motivou a moção, que contou com a assinatura de 24 parlamentares.

O Cremego informou, em nota, que repudia qualquer forma de violência, desrespeito e agressão à vida humana e animal. A entidade vai avaliar o fato “dentro de sua competência legal. Contudo, pelo caso ter ocorrido em São Paulo, qualquer apuração, de acordo com o Código de Processo Ético-Profissional Médico, caberá ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), mesmo o médico denunciado sendo inscrito em Goiás”.

O órgão completou que “entende e se solidariza com a indignação popular diante dos maus-tratos flagrados na ação policial e espera que todos os responsáveis, independentemente de suas profissões, sejam identificados, julgados e penalizados segundo a legislação brasileira”.

Por Marina Demori, Thaís Luquesi e Vanessa Martins

Fonte: G1

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