Laudo sobre morte dos tigres Dandy e Maya, do DF, aponta perda de sangue e ‘estresse agudo’

Laudo sobre morte dos tigres Dandy e Maya, do DF, aponta perda de sangue e ‘estresse agudo’
Dandy, tigre-de-bengala do Zoológico de Brasília. — Foto: Zoológico de Brasília/Divulgação

Um laudo técnico obtido pelo G1, nesta segunda-feira (9), mostra que estresse agudo e perda de sangue são as prováveis causas das mortes do tigre-de-bengala Dandy e da tigresa Maya, respectivamente. Os animais viviam no Zoológico de Brasília e morreram no intervalo de uma semana, entre setembro e outubro deste ano.

Segundo o documento, o macho de 10 anos, que vivia em cativeiro, sofreu um choque neurogênico – uma falha de comunicação entre o cérebro e o corpo. A condição pode ter atingido órgãos como o coração, pulmões e parte do sistema nervoso.

“O choque neurogênico pode ser causado, dentre outras possibilidades, por estresse agudo.”

“Considerando que se trata de um animal selvagem, esta parece ser a causa mais provável do óbito”, diz trecho do relatório.

O laudo aponta ainda que Dandy era um animal de “temperamento mais agressivo” e que “precisava de contenção física e/ou química para a realização de procedimentos veterinários”. A morte dele é investigada pelo Ministério Público do DF (veja detalhes abaixo).

Maya, a fêmea da espécie tigre-de-bengala tem dez anos e vive no Zoológico de Brasília. — Foto: Divulgação/Zoológico de Brasília

Já a necropsia da tigresa – que morreu dias após o falecimento do irmão – apontou que a fêmea morreu de “causa multifatorial”. Entre as possibilidades, um choque hipovolêmico, condição que causa uma redução aguda no volume de sangue, plasma ou líquidos.

“Desta forma, os órgãos vitais têm uma deficiência de oxigênio, podendo levar o animal a óbito.”

O animal também foi diagnosticado com a síndrome do intestino curto. “Do ponto de vista clínico, ocorreram complicações pós-operatórias (entenda abaixo) desde a primeira, cirurgia que culminaram na retirada de parte do intestino”, disse o zoológico, em nota enviada à reportagem.

Relatório obituário da tigresa Maya e tigre Dandy — Foto: Zoo/Reprodução

Outra análise

O médico veterinário Thiago Luczinsky, que atua com atendimento de grandes mamíferos, disse em entrevista ao G1 que o estresse apontado como causador do quadro que levou Dandy à morte é comum em animais silvestres que vivem em cativeiro.

Segundo o especialista, estresse agudo em bichos causa alterações orgânicas, “principalmente em animais mais sensíveis”, disse.

Já sobre a morte de Maya, Thiago afirma que o quadro de “choque hipovolêmico” citado no relatório pode ser causado, entre outros motivos, por desidratação ou hemorragia, por exemplo, “e não tem relação com a idade do animal”.

Mortes sob investigação

Jardim Zoológico de Brasília. — Foto: Lúcio Bernardo Jr / Agência Brasília

Em outubro, o Ministério Público abriu um inquérito para investigar as mortes dos tigres-de-bengala no Zoológico de Brasília. Dandy morreu após uma transfusão de sangue, e Maya após uma cirurgia no útero.

Além de investigar supostas irregularidades na gestão do espaço, o inquérito ouviu servidores do zoo e técnicos que participaram do atendimento aos animais. Na época, a Fundação Jardim Zoológico prestou esclarecimentos aos procuradores.

O relatório obituário dos animais foi encaminhado para análise do MP e vai compor o inquérito civil público, que investiga as mortes. 

Relembre os casos

Dandy

A morte de Dandy, o macho da espécie, foi comunicada pelo Zoológico de Brasília em 2 de outubro. O animal tinha 10 anos e morreu dias antes, em 29 de setembro.

Em nota de pesar, a entidade afirmou que o tigre acordou apático e, mesmo após ser atendido pela equipe médica, não resistiu. Ele passou por um procedimento para doar sangue à fêmea da espécie que vive no local, Maya.

De acordo com o zoo, apenas um litro de sangue foi retirado. Exames mostraram, depois, que o tigre estava com insuficiência renal.

Maya

Já a tigresa foi diagnosticada com uma infecção no útero e precisou passar por cirurgia. De acordo com os veterinários, o procedimento correu bem. Dois dias depois os pontos romperam e Maya teve que passar por outra cirurgia para reparo do trajeto intestinal e não resistiu.

Por Marília Marques

Fonte: G1

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