Tailândia é criticada por criar elefantes em cativeiro para o turismo

Tailândia é criticada por criar elefantes em cativeiro para o turismo
Com o preço de um único elefante a US$ 50.000 (1,7 milhão de baht), a caça ilegal e o contrabando de elefantes selvagens entre fronteiras têm sido incentivados. Foto: The Nation

Pesquisadores da World Animal Protection (WAP), uma organização internacional sem fins lucrativos de bem-estar animal, estimam que 5,5 bilhões de animais selvagens de 487 espécies diferentes estão sendo mantidos em condições cruéis em todo o mundo, especialmente ursos, elefantes e leões.

Ursos-negros, ursos-malaios e ursos-pardos são criados na China, no Vietnã, no Laos, em Mianmar e na Coreia do Sul para a obtenção da bile produzida em suas vesículas biliares, que é muito valorizada na medicina tradicional chinesa (MTC).

Por sua vez, os leões são criados principalmente na África do Sul, onde são usados nos setores de turismo e MTC.

Ao contrário dos leões, ursos e outros animais selvagens, os elefantes não são criados primariamente por suas partes do corpo, mas sim por seu papel na indústria do turismo.

“Esses são animais inteligentes e de vida longa que são criados em cativeiro para, sem dúvida, o mais frívolo dos setores: o setor de entretenimento com vida selvagem”, disse o diretor de campanhas globais da WAP, Nick Stewart, à mídia britânica Daily Mail.

Como os turistas pagam grandes somas de dinheiro para participar de experiências de passeios ou banhos com elefantes, os pesquisadores da WAP acreditam que os 2.798 elefantes em cativeiro na Tailândia geram entre US$ 581 milhões e US$ 770 milhões (20.805-27.575 baht) por ano.

Com o preço de um único elefante a US$ 50.000 (1,7 milhão de baht), a caça ilegal e o contrabando de elefantes selvagens entre fronteiras têm sido incentivados.

Com a indústria recentemente se voltando para a reprodução em cativeiro, o número de elefantes em cativeiro na Tailândia aumentou 134% entre 2010 e 2020.

A WAP também revelou imagens capturadas entre 2018 e 2020, mostrando o comportamento lastimável dos cornacas tailandeses ao treinar um elefante bebê usando correntes, cordas, ganchos, paus e até pregos para atender às demandas do setor de turismo.

“O abuso é tão grave que alguns pesquisadores sugeriram que muitos elefantes tailandeses sofrem de transtorno de estresse pós-traumático”, disse Stewart.

Em vez de culpar os cornacas tailandeses, o diretor de campanhas globais da WAP apontou que o setor de turismo deve ser responsabilizado por criar a demanda por elefantes que possam ser usados com segurança para passeios, shows e atrações turísticas.

A WAP recomenda que o governo tailandês proíba a criação de elefantes em cativeiro e ajude os parques de elefantes a se transformarem em atrações turísticas livres de crueldade que possam utilizar o conhecimento dos cornacas.

“Tudo se baseia na ideia de que os animais nascidos em cativeiro podem ser explorados mais facilmente”, disse Stewart. “Precisamos acabar com essa exploração de animais selvagens, seja ela legal ou ilegal.”

Tradução de Ana Carolina Figueiredo

Fonte: The Nation

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