Ursos-pardos Dimas e Kátia são transferidos do zoológico do Ceará para São Paulo

Ursos-pardos Dimas e Kátia são transferidos do zoológico do Ceará para São Paulo
Ursos Dimas e Kátia no Zoológico de Canindé — Foto: Alex Pimentel/SVM

A transferência dos ursos-pardos Dimas e Kátia do zoológico de Canindé, no interior do Ceará, para o Rancho do Gnomos, em São Paulo, está sendo executada na manhã desta quarta-feira (28). A equipe do santuário paulista acompanha toda o translado, juntamente com os profissionais do zoológico cearense. Os dois animais serão inicialmente levados para Fortaleza, e Kátia vai ainda hoje para São Paulo. Já Dimas ficará na base aérea da capital e embarca amanhã para o outro estado.

A ativista Luisa Mell iniciou uma campanha em outubro de 2018 para levar os ursos para o interior de São Paulo. No mês passado, o zoológico de Canindé e a associação Viva Bicho chegaram a um acordo para a transferência dos animais, contudo, sem prazo estabelecido. Diante da situação, a associação recorreu, novamente, para conseguir a transferência dos ursos.

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Antes do transporte, uma das paredes do zoológico cearense precisou ser derrubada para que a carreta com as caixas de transporte tivessem acesso aos animais. Eles serão levados em aeronaves da companhia aérea Latam. Segundo integrantes do Rancho dos Gnomos, as caixas de transporte foram confeccionadas na própria cidade de Canindé, uma vez que o equipamento da entidade paulista era muito grande e não cabia dentro de um avião.

Urso Dimas a caixa de transporte na qual será levado de Canindé até São Paulo. — Foto: Kilvia Muniz/ SVM

Para o translado em terra, a equipe conta com apoio da Polícia Militar. A arquidiciocese de Canindé também está colaborando na transferência. Cerca de 100 pessoas, entre policiais militares, profissionais da imprensa, representantes do Rancho dos Gnomos e funcionários do zoológico estão presentes no local.

As representantes da Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil – Secção Ceará (OAB-CE), Amanda Duarte e Luciana Valesca, também estão acompanhando a transferência dos ursos. Além da entidade, as ONGs Deixe Viver e Viva Bicha, que tem atuação no Ceará e em São Paulo, e funcionários do zoológico de Canindé atuam na transferência.

‘Tristes por um lado, mas felizes’

Membro do Zoológico de São Francisco de Canindé, Jander Silva afirmou, em uma publicação no Instagram do Rancho dos Gnomos, que “nunca quis que os animais continuassem lá, mas que a União reconhecesse o trabalho do santuário e tomasse uma decisão”. Dimas e Kátia estavam há onze e oito anos, respectivamente, sob os cuidados do zoológico, mantido pelo santuário de São Francisco das Chagas, em Canindé.

Os animais chegaram ao local por meio do Ibama, que os resgatou de circos onde sofriam maus tratos, e acompanhou a adaptação do zoológico até que ficasse com estrutura que desse suporte suficiente aos animais. “A gente fica triste por um lado, porque passamos dez anos com esses animais, e nunca tivemos pretensões comerciais com eles. Mas também ficamos felizes, porque a gente nunca quis que os ursos tivessem saído do local onde nasceram, mas agora estão tendo a oportunidade de ter uma vida tranquila, num ambiente de clima agradável”, ressaltou.

Batalha judicial

Um acordo na Justiça garantiu que os os ursos Dimas e Kátia fossem transferidos do zoológico de São Francisco de Canindé, no Ceará, para o santuário de animais Rancho dos Gnomos, em Joanópolis, no interior de São Paulo. A determinação de transferência foi emitida em junho.

Antes da decisão judicial, houve uma tentativa de conciliação, que terminou sem acordo. “A outra parte entendeu que seria melhor para os animais a transferência. Todos agora estão se mobilizando para que estes animais sejam transportados o quanto antes para o rancho”, disse a advogada Tiziane Machado, da associação Viva Bicho, na ocasião.

O santuário para onde Dimas e Kátia serão encaminhados é o mesmo local onde a irmã deles, Rowena, foi levada. Ela ficou conhecida como a ‘Ursa mais triste do mundo’ durante a campanha de transferência por ser de uma espécie nativa de regiões com clima ameno e enfrentar o calor de mais de 40 graus onde estava, no Piauí.

Por Rodrigo Rodrigues

Fonte: G1

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