Europa cada vez mais próxima da proibição de testes em animais

Europa cada vez mais próxima da proibição de testes em animais

Na noite de quarta-feira, 14 de setembro, o Parlamento Europeu votou a favor de um plano que encerraria os experimentos com animais em todas as indústrias, incluindo a de cosméticos.

O parlamento adotou uma votação de resolução que apela para que a Comissão Europeia coloque em prática um plano de ação em toda a União Europeia a fim de eliminar gradualmente os testes em animais. A ideia é usar métodos sem animais e que sejam relevantes para os humanos, bem como estabelecer um cronograma e uma lista de marcos a alcançar conforme os testes em animais forem encerrados.

As proibições do Regulamento de Cosméticos da UE para testes em animais, segundo o qual um ingrediente não pode ser usado em produtos cosméticos se tiver sido testado em animais em qualquer lugar do mundo, foram colocadas plenamente em vigor em março de 2013. Hoje, as empresas de beleza, em sua maioria, testam seus cosméticos em amostras de pele reconstruídas em laboratórios.

No entanto, em agosto de 2020, a ECHA (Agência Europeia dos Produtos Químicos) anunciou que algumas substâncias devem ser testadas em animais mesmo que seu uso seja destinado apenas a cosméticos. A ECHA argumentou que é necessária uma avaliação de risco para os funcionários nas fábricas durante a fabricação dos produtos.

Em agosto, os dois produtos químicos relacionados a cosméticos destinados a testes em animais foram o homosalato de filtro UV e o salicilato de 2-etilhexila. Enquanto isso, testes em animais também são solicitados para centenas de outros ingredientes.

“Todos os anos, quase 10 milhões de animais são usados em experimentos invasivos nos laboratórios da UE, incluindo macacos, cães, gatos, coelhos, ratos e camundongos, um grande número de animais que se manteve relativamente inalterado na última década”, disse a Humane Society International em um comunicado divulgado no dia 16.

A Humane Society descreveu a votação do parlamento como uma “oportunidade histórica de tirar o sofrimento animal de cena e mudar o foco para pesquisas modernas, de ponta e relevantes para o ser humano”.

Mais de 24 grupos, incluindo também o Eurogroup for Animals, a Cruelty Free Europe e a PETA, vindos de 24 estados-membros da EU, têm feito campanhas para que a resolução seja aprovada.

No final de agosto, a Dove e a The Body Shop juntaram forças pela primeira vez para montar murais nas principais cidades da Europa, incluindo Paris, Berlim e Madrid, encorajando as pessoas a assinarem uma Iniciativa de Cidadania Europeia, um mecanismo para os cidadãos da UE proporem novas leis. Os murais, desenhados por Nina Valkhoff, retratam um coelho e palavras onde se lê: “A Europa está conosco para acabar com os testes em animais, #savecrueltyfreecosmetics, savecruletyfree.eu.”

Em dezembro de 2020, as marcas Unilever, Aesop, Natura e Tatcha estavam entre as centenas de empresas de beleza e grupos de direitos dos animais para enviar uma carta à Comissão, ao Parlamento e ao Conselho Europeu pedindo a manutenção da proibição dos testes em animais na Europa.

Grupos agora fazem pressão para que a Comissão Europeia coloque o assunto no topo de suas prioridades.

Os testes em animais voltaram a ser assunto na indústria da beleza recentemente em um caso que remonta a março de 2018, que envolveu a fornecedora alemã de fragrâncias e sabores Symrise. A ECHA decidiu que a Symrise deve realizar alguns testes de toxicidade em animais para os dois ingredientes de protetor solar.

A Symrise recorreu, mas o recurso foi rejeitado em agosto. Posteriormente, o fornecedor abriu dois processos para anular a decisão de agosto.

O debate sobre os testes em animais está em alta na Europa. Segundo a Humane Society International, pesquisas de opinião mostram que 72 por cento dos cidadãos da UE concordam que a mesma deve estabelecer metas e prazos vinculativos para eliminar a prática. A Iniciativa de Cidadania Europeia já recolheu mais de 120.000 assinaturas em menos de três semanas.

Por Jennifer Weil / Tradução de Alda Lima

Fonte: Yahoo!Life

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