Família de fazendeiro acusado de maus-tratos tem intenção de vender parte de búfalas em Brotas, SP

Família de fazendeiro acusado de maus-tratos tem intenção de vender parte de búfalas em Brotas, SP
Caso das búfalas de Brotas (SP) completa um ano e animais seguem em recuperação na Fazenda Água Sumida — Foto: Fabio Rodrigues/g1

Depois que a Justiça nomeou os irmãos do fazendeiro Luís Augusto Pinheiro de Souza, acusado de deixar mais de mil búfalas com fome e sede para morrer, como novos depositários dos animais, o advogado que representa a família informou que eles tem a intenção de vender parte do rebanho para reduzir a lotação do pasto.

VÍDEO: Após decisão do TJ, ONG terá que deixar fazenda e não cuidará mais das búfalas de Brotas

“A ideia é vender os que estão mais aptos, reduzir a lotação, vender o mais rápido possível sempre informando o juízo, tudo de maneira transparente e clara”, declarou o advogado Luiz Alfredo Angelico Soares Cabral.

Ele também disse que a família está focada em conseguir administrar a fazenda e ter autonomia na gestão do rebanho. “Tem que reduzir a lotação atual, o pasto foi degradado nesses dois anos por ausência de experiência da ONG que não fez nenhum planejamento alimentar desses animais”, informou.

Mudança de depositários

Na terça-feira (31), o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) manteve a decisão da Comarca de Brotas que destituía a ONG Amor e Respeito Animal (ARA) como a depositária dos animais. Para a Justiça, a entidade deixou de apresentar documentos de registros, plano de manejo e não realizou a devida manutenção na fazenda, permitindo que animais invadissem propriedades.

A ONG tem até o dia 14 de novembro para deixar as dependências da fazenda. Nesta terça, duas entidades se apresentaram à Justiça e demonstraram interesse em compartilhar os cuidados com os animais.

Em nota, a ONG afirmou que o plano de manejo é “extremamente complexo, delicado e custoso” e que durante os últimos dois anos buscou o melhor para os animais e encarou muitos desafios, “que só foram superados com o auxílio de todos os envolvidos como voluntários, apoiadores, jurídico, veterinários e tantos outros”.

Ministério Público

Alex Parente, presidente da ONG ARA, que atua no cuidado das búfalas de Brotas — Foto: Fabio Rodrigues/g1
Alex Parente, presidente da ONG ARA, que atua no cuidado das búfalas de Brotas — Foto: Fabio Rodrigues/g1

O Ministério Público (MP-SP) se manifestou favorável a entrega dos animais para entidades que estejam interessadas no recebimento dos búfalos.

O órgão também se manifestou contrário à uma possível venda dos animais para abate. “Finalmente, quanto ao pedido de fls. 5335/5348, o Ministério Público se manifesta contrariamente, na medida em que, além de existirem novas entidades com interesse no recebimento dos animais (fls. 5351/5355), a insurgência dos requeridos, se o caso, deve ser objeto do competente instrumento recursal, devendo, por ora, serem observadas todas as condicionantes”.

Maus-tratos

Carcaças de búfalas que ficaram expostas em Brotas — Foto: Fabio Rodrigues/g1
Carcaças de búfalas que ficaram expostas em Brotas — Foto: Fabio Rodrigues/g1

Em novembro de 2021, após denúncias, a Polícia Ambiental encontrou mais de mil búfalas em situação de abandono em uma fazenda de Brotas.

De acordo com a polícia, os animais estavam em péssimas condições, sem comida e água. Pelo menos 22 deles já estavam mortos.

Souza chegou a ser multado em mais de R$ 4 milhões e foi preso por maus-tratos, entretanto, saiu da cadeia após pagar fiança. Ele voltou a ser preso novamente em janeiro de 2022. Em 17 de março, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou um novo pedido de habeas corpus feito pela defesa.

Voluntários se mobilizaram para cuidar dos animais e, liderados por Alex Parente, da ONG Amor e Respeito Animal (ARA), começaram a trabalhar na recuperação dos bubalinos, além de travar uma briga judicial pela tutela do rebanho que foi doado à ONG no dia 20 de janeiro.

Em dezembro de 2021, pelo menos 98 carcaças de búfalos foram localizadas e desenterradas por peritos da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual Paulista (Unesp) na fazenda.

O relatório final da perícia ambiental concluiu que as búfalas passaram por mais de um período de estresse, sem alimento e água.

Por Cairo Oliveira

Fonte: g1

Os comentários abaixo não expressam a opinião da ONG Olhar Animal e são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores.