Praia onde tartarugas realizam desova em Salinas fica tomada por lixo no 3° fim de semana de julho, no PA
Umas das praias mais visitadas da região norte os Brasil neste período de verão amazônico foi tomada pelo lixo no terceiro fim de semana de julho, no município de Salinópolis, região nordeste do Pará. Um registro mostra a Praia do Atalaia repleta de garrafas de bebidas e sacolas plásticas espalhadas ao longo da faixa de areia.
A região, que também é conhecida pela desova das tartarugas-marinhas, se encontra violada pela falta de educação do público que passeia pelo local e faz o descarte indevido do lixo, prejudicando o meio ambiente e ainda colocando si mesmos em risco, visto os cacos de vidros espalhados na areia, conforme alerta a oceanógrafa Raqueline Monteiro.
VÍDEO: Garrafas e sacolas plásticas são deixadas por banhistas na Praia do Atalaia, em Salinas
A especialista destaca que os pequenos fragmentos de plásticos e cacos de vidros são levados pela maré e podem ser ingeridos por caranguejos, peixes e as próprias tartarugas. Consecutivamente esses animais se tornam alimento e acabam retornando ao corpo humano de forma maléfica.
“Isso vai se tornando um problema generalizado. Para se ter uma ideia, quando as tartarugas consomem lixo, isso influencia se os ovos serão macho ou fêmea, o que implica dizer que a poluição interfere até mesmo na formação do sexo animal, após o consumo de micropartículas de plástico, impactando todo um ecossistema”, afirma a oceanógrafa.
Para a pesquisadora ambiental, a responsabilidade de manter as praias limpas precisa ser um dever de todos. Partindo da prefeitura municipal em ministrar conscientização aos banhistas, além dos vendedores e empreendimentos locais que devem manter o próprio espaço de trabalho e lazer público.
Além do lixo, roubo de ovos de tartarugas
Ainda no primeiro fim de semana de julho outra violação foi constatada, quando cerca de 60 ovos de tartarugas foram roubados da área de Unidade de Conservação (UC) Monumento Natural do Atalaia.
Os dois crimes são previstos pela lei de conservação ao meio ambiente e podem ser aplicadas medidas de detenção, caso seja flagrado o descarte de lixo ou interferência na vida ambiental.
Além dos perigos para os próprios visitantes, os materiais descartados na praia têm um curso de vida longo e podem demorar 200 anos para se decompor, causando um sério risco a vida dos animais que circulam na região.
“As pessoas precisam entender que o lixo produzido, sejam canudos, garrafas e outros, se tornam responsabilidade de todos, impactando várias gerações e contaminando por anos as espécies. O lixo se espalha por toda nossa costa amazônica e afeta os pescadores e o turismo local”, alerta a oceanógrafa.
Outro fato que já se tornou comum na região é a rápida subida da maré e o atolamento de veículos. Durante o decorrer do ano são flagrados diversas cenas de banhistas tentando retirar os veículos já submersos embaixo da água.
A Prefeitura de Salinópolis foi acionada para esclarecer se a Secretaria de Meio Ambiente realiza fiscalizações nas praias do município, mas até o momento desta publicação não houve retorno.
Fonte: G1