Este burro foi rejeitado pela mãe. Agora ajuda idosos com demência e animais cegos

Este burro foi rejeitado pela mãe. Agora ajuda idosos com demência e animais cegos
Adora mimos

Tiptoe ajuda velhotes e animais, mas não é um médico ou um cuidador. Com o corpo peludo, quatro patas e uma “franja”, o burro de dois anos é uma verdadeira estrela e tem um dom especial. Graças à sua personalidade calma e carinhosa, tornou-se num animal de terapia e está a mudar a vida daqueles que mais precisam.

Há cerca de um mês, numa das mais recentes visitas de trabalho, foi até a propriedade de Mary Gibbs, onde vive com o marido, ambos com demência. Pela primeira vez, a tutora Erin Larson foi até a casa de uma família e levou o companheiro vestido a rigor, como um elfo do Pai Natal. Harmony Gallegos, a enfermeira responsável pelo casal, partilhou ao jornal “StarTribune” que os seus olhos “iluminaram-se” assim que o viram.

Na manhã seguinte, uma surpresa: Mary ainda recordava a visita. “Ele inclinava a cabeça e não queria nada além de ficar cara a cara com ela”, partilhou Harmony. “Estava a adorar os beijinhos que ela dava ao seu nariz e ficou muito calmo”, disse, acrescentando que a idosa recordou memórias antigas de quando cuidava dos seus próprios cavalos e burros.

Enquanto os outros animais de Erin, proprietária de uma quinta em Minneapolis, Estados Unidos, preferem ficar em casa, Tiptoe adora sair à rua e conhecer novas pessoas. “Achamos mesmo que ele encontrou o seu propósito”, sublinhou. O peludo gosta de estar próximo de idosos e de bebés, especialmente. “Ele não morde e nunca dá coices”, referiu.

Nos últimos dois anos, Tiptoe já esteve em dezenas de lares de repouso, hospícios e escolas. Em cada uma das visitas como burro terapeuta, transforma as vidas daqueles que encontra e tem sempre muito amor para oferecer.

Tem um melhor amigo — um cavalo cego

Tiptoe nasceu no Save the Brays Donkey Rescue, um santuário para animais de quinta em Milaca. Com poucos dias de vida, os seus cuidadores descobriram que a progenitora havia pisado no seu pescoço e quatro patas. Como resultado, ficou com ferimentos graves e acabou por passar vários meses nos cuidados intensivos — houve quem acreditasse que não fosse sobreviver.

Mais tarde, depois de sofrer um episódio de hipotermia, esteve perto de também perder uma pata. Mas por sorte, foi salvo a tempo. O burro passou os primeiros meses de vida a recuperar e a ser alimentado pelos seus salvadores. “Ele bebia de um biberão na casa das pessoas que o salvaram e acho mesmo que se identifica como um humano”, afirmou Erin.

Desde bebé, habitou-se a estar com os humanos e acabou por desenvolver uma personalidade calma e carinhosa. E a sua vocação de ajudar os outros foi logo descoberta. Ainda no santuário, conheceu um animal da mesma espécie que era cego e que se tornou no seu primeiro amigo. Foi a primeira vez que fez o trabalho de um “burro-guia”.

Com um sino pendurado ao pescoço, andava pela quinta para ajudar o parceiro a ficar sempre ao seu lado. Com o barulho do objeto, este nunca se perdia. Meses depois, foi adotado por Erin e continuou a apoiar outros animais no novo lar — o primeiro foi Ty, um cavalo também cego. Além de ajuda, o gigante precisava de um ombro amigo. E até hoje, são inseparáveis.

A primeira vez que se viram foi emocionante para Erin e a sua família. Os dois começaram a beijar-se e esfregar-se de imediato. “Toda a gente começou a chorar”, confessa. “Ele está sempre lá quando as coisas tornam-se assustadores, quando há muito vento ou quando Ty fica desorientado. Basta ele ouvir o sino para ficar mais calmo”.

A seguir, carregue na galeria para conhecer Tiptoe.

Por Izabelli Pincelli

Fonte: Pit / mantida a grafia lusitana original

Os comentários abaixo não expressam a opinião da ONG Olhar Animal e são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores.