Impressora 3D pode ser aliada na redução do uso de animais em pesquisas científicas

Impressora 3D pode ser aliada na redução do uso de animais em pesquisas científicas
Bioimpressora é capaz de reproduzir tecidos orgânicos e mimetizar órgãos animais (Acervo da pesquisa)

A proibição do uso de animais vertebrados, exceto seres humanos, em pesquisa científica, desenvolvimento e controle de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes que utilizem nas formulações ingredientes ou compostos com segurança e eficácia já comprovadas cientificamente abre um leque de possibilidades para trabalhos que já vêm sendo desenvolvidos na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Uma das expectativas é quanto ao uso de uma bioimpressora – uma espécie de impressora 3D – para produzir tecidos orgânicos e até mimetizar órgãos animais.

O professor Dawidson Assis Gomes, do Departamento de Bioquímica e Imunologia da UFMG, integra a equipe do laboratório Biolink, que atua na área de engenharia de tecidos epiteliais. Conta que, há muitos anos, o laboratório trabalha com engenharia de tecidos para a criação de peles artificiais para o tratamento de queimaduras e testes de citotoxidade, cujo objetivo é avaliar se um composto é prejudicial às células.

A iniciativa é desenvolvida no contexto da Rede Mineira de Engenharia de Tecidos e Terapia Celular (Remettec), criada com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig). O Biolink adquiriu recentemente uma bioimpressora capaz de reproduzir tecidos orgânicos e mimetizar órgãos animais.

“A ideia do projeto também era substituir testes em animais, já prevendo essa mudança na legislação brasileira”, afirma Dawidson.

Maior precisão

Antes da aquisição da impressora, os tecidos eram produzidos pela equipe de pesquisadores. Porém, quando isso é feito manualmente, pode haver problemas de reprodutibilidade. O equipamento garante a padronização, o que confere maior precisão aos resultados. “Então, o que esperamos resolver e desenvolver nos próximos anos é a reprodução do modelo manual, observando como ele se comportará sendo produzido em uma impressora 3D”, explica Gomes.

O objetivo é criar uma forma de automatizar o processo para torná-lo reprodutível em três dimensões. A bioimpressão possibilita a redução do uso de animais na pesquisa com a síntese de organoides, pequenos órgãos capazes de mimetizar o órgão humano, ou até desenvolver o chamado organ-chip ou human-chip – técnica que possibilita simular a comunicação entre os órgãos.

Doação de órgãos

Outra possibilidade é o avanço na área de doação de órgãos. “Esse tipo de tecnologia pressupõe que, no futuro, não será preciso o transplante de uma pessoa para outra. Talvez a gente consiga pegar células do próprio indivíduo e reconstruir um órgão sob demanda, totalmente compatível. Isso seria um sonho! Essa área tem se desenvolvido muito nesse sentido, e a impressão 3D ainda tem auxiliado muito nessa direção”, conta Gomes. Ele explica, ainda, que a bioimpressora tem capacidade de imprimir em resoluções muito precisas, com a organização mais próxima do real, o que aumenta as chances de compatibilidade.

A proibição do uso de animais vertebrados em determinadas pesquisas foi publicada em forma de resolução, no Diário Oficial da União, no início de março, pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea).

* Com informações do portal de notícias da UFMG

Fonte: Hoje em Dia

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