No Dia dos Animais, DF conta 4,6 mil bichos resgatados em um ano

No Dia dos Animais, DF conta 4,6 mil bichos resgatados em um ano
Divulgação/PMDF

Neste domingo (14/3) é celebrado em todo o país o Dia Nacional dos Animais, data reservada para a conscientização das pessoas sobre os cuidados que devem ser dados a eles, sejam domésticos ou selvagens.

Em 2020, cerca de 4.667 animais silvestres foram resgatados no Distrito Federal. O número corresponde a somatória dos dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Polícia Militar Ambiental e do Instituto Brasília Ambiental (Ibram).

Do montante, 1.371 animais são de resgates promovidos pelo Ibama. Após a ação, eles são entregues ao Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres do Distrito Federal (Cetas), para o cuidado apropriado.

Espécies mais comuns

O Brasília Ambiental foi responsável pelo resgate de 64 de todos os animais resgatados no ano passado. Dentre as espécies mais aprendidas, aves como sabiá, canário-da-terra, tarin, bicudo-verdadeiro, coleiro, trinca-ferro, arara-canindé e papagaio-verdadeiro; seguidas dos répteis jabuti, jiboia e cornsnake (cobra do milho).

 A Polícia Militar Ambiental promoveu o resgate de 3.242 animais. Entre eles, a maioria era saruês e serpentes.

Após o resgate, quando os animais estão aparentemente saudáveis, são inseridos na natureza em local próximo ao de onde foram encontrados. Caso estejam feridos, os bichos seguem para cuidados dos veterinários do Jardim Zoológico de Brasília.

Segundos os dados do Hospital Veterinário do Zoo, 922 animais passaram pelo atendimento da instituição no ano passado – 483 aves, 410 mamíferos e 29 répteis.

Casos de destaque

Em junho, 248 pássaros foram soltos na natureza pelo Ibama, após terem sido aprendidos com traficantes de animais em operação na Rodoviária Interestadual de Brasília, feita pelo Batalhão de Policiamento com Cães da Polícia Militar.

Dos total, 218 eram canários-da-terra. Havia também pintassilgo, papa-capim, sabiá-laranjeira, trinca-ferro e pássaro-preto, entre outros. Os animais estavam dentro de duas malas, em ônibus que seguia para São Paulo. Lá, seriam vendidos.

Assista a liberação das aves:

Um mês depois, em julho, o Ibama penalizou um morador de Vicente Pires em R$ 39 mil, pela criação de tubarões e espécies exóticas em cativeiro.

O flagrante ocorreu após a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) receber uma denúncia anônima. Na residência do suspeito, os investigadores encontraram duas jiboias arco-íris da Caatinga, duas pítons, duas jiboias de Madagascar, três tubarões-lixa, um teiú e uma moreia.

Veja:

PCDF/Divulgação

Também em julho, dessa vez, em uma operação do Instituto Brasília Ambiental e do Ibama, foram apreendidas 15 aves nativas, exóticas e raras, em uma casa localizada na Asa Norte. O dono da residência levou multa de R$ 123 mil.

Os órgãos receberam denúncia anônima e foram até o imóvel. A casa abrigava de maneira irregular sete pássaros silvestres nativos, sete exóticos e uma arara-canindé.

Seis pássaros silvestres nativos estavam escondidos em um armário, segundo o Brasília Ambiental. Uma arara foi encontrada no depósito do subsolo da casa, onde funciona uma malharia.

Confira:

 

Entretanto, o maior destaque é o “Caso Naja“, o qual apura o suposto tráfico de animais exóticos na capital do país. Tudo começou após Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkuhl, 22 anos, ter sido picado pela cobra que criava clandestinamente em sua casa, no Guará. A Polícia Civil do DF concluiu o inquérito no dia 13 de agosto e indiciou 11 pessoas por crimes ambientais.

Um naja kaouthia, uma víbora-Verde-de-Vogel e cinco cobras-do-milho (Corn Snake) eram mantidas pelo investigado.

Influência humana

Além das vítimas de traficantes ou animais criados irregularmente, há ainda casos de animais que aparecem no meio da cidade, fora do habitat natural. O professor de biologia do CEUB Fabrício Escarlate explica a causa.

“Na medida em que a expansão humana ocupa áreas e as converte em zonas agrícolas ou urbanas, esses animais acabam pressionados a ir para outras áreas, uma vez que os recursos que eles necessitam, seja alimentos ou abrigo, tornam-se escasso”, pontua.

“Eles não têm como chegar em outra área natural sem atravessar uma matriz convertida (urbana ou rural) e, aí, os conflitos acontecem”, complementa.

Veja animais encontrados nessas condições no DF:

 

O que diz a lei?

Conforme sanção em setembro do ano passado, foi aumentada a punição para maus-tratos de animais no território nacional. Agora, quem cometer a infração será punido com pena de reclusão de 2 a 5 anos, além de multa e a proibição de guarda de animais.

Anteriormente, o crime de maus-tratos a animais constava no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais nº 9.605/98, a qual estipulava pena de 3 meses a 1 ano de reclusão, além de multa. A legislação abrange animais silvestres, exóticos e domésticos, principais alvos do crime.

Em 2019, dos 1.039 milhão de domicílios do Distrito Federal, 427 mil (41,1%) tinham ao menos um cachorro, e em 107 mil domicílios (10,3%), havia, pelo menos, um gato. Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada em 2020.

Por Marcus Rodrigues

Fonte: Metrópoles 

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