Veterinários não chegam a consenso sobre maus-tratos a animais em vaquejadas

Veterinários não chegam a consenso sobre maus-tratos a animais em vaquejadas
O debate tratou das consequências trazidas aos animais que competem em rodeios e vaquejadas (Foto: Leonardo Prado/Câmara dos Deputados)

Não houve consenso entre veterinários sobre a ocorrência de maus-tratos a animais em rodeios e vaquejadas, durante audiência promovida nesta quarta-feira (8) pela comissão especial que discute proposta que inclui esses eventos entre as expressões artístico-culturais do patrimônio cultural imaterial brasileiro.

A comissão encarregada de analisar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 270/16 ouviu dois veterinários sobre o assunto. A proposta é de autoria do deputado João Fernando Coutinho (PSB-PE).

Vânia de Fátima Plaza Nunes, representante do Fórum Nacional de Defesa e Proteção Animal, já realizou perícias para o Ministério Público em pareceres sobre maus- tratos a animais nesses eventos e relatou as lesões encontradas.

“A finalidade da prova é derrubar o animal com as quatro patas para cima, derrubando exclusivamente pela cauda, pelo rabo do animal, que é a coluna vertebral. É essa coluna que se traciona e recebe todo o peso para derrubá-lo. Dos espaços intravertebrais da coluna saem terminações nervosas que vão ser responsáveis por enervar uma série de estruturas, sejam na pele, nos ossos ou nas vísceras”, explicou.

Meios de proteção

Já Hélio Cordeiro Manso Filho, professor de veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco, levou estudos científicos mostrando que os animais são capazes de competir nas vaquejadas e rodeios sem danos.

Segundo ele, no final do ano passado foram feitas duas grandes vaquejadas em Pernambuco, nas cidades de Garanhuns e Bezerra, com os animais já usando protetor de cauda e sendo adotadas medidas como juiz de bem-estar, curral e boa alimentação.

“Eles foram acompanhados. É importante observar que o uso do protetor de cauda protege a musculatura do local. A cauda tem musculatura para se movimentar, que faz parte da grade de proteção do tecido neural final que há em sua base.”

Vice-Presidente da Comissão do Bem-Estar Animal da OAB de Alagoas, Henrique Carvalho de Araújo, que também participou da audiência, informou que não há posição oficial do Conselho Nacional de Veterinária sobre o assunto, mas 20 dos 24 conselhos regionais da categoria apoiam a regulamentação desse tipo de esporte.

Ele destacou que a vaquejada movimenta quase R$ 800 milhões por ano no Brasil e gera 16 mil empregos, a grande maioria no Nordeste. Araújo disse ainda que só 0,5% do rebanho nacional participa de rodeios e vaquejadas, e que cada animal só compete uma vez.

O debate foi solicitado pelo deputado Paulo Azi (DEM-BA), relator da PEC na comissão especial.

ÍNTEGRA DA PROPOSTA:

PEC-270/2016

Por  Geórgia Moraes / Edição de Rosalva Nunes

Fonte: Agência Câmara Notícias 


Nota do Olhar Animal: É uma vergonha para a classe veterinária ter defensores das vaquejadas em seu meio. Pior, alegando que não há maus-tratos nestes eventos. Maltratar o animal é absolutamente inerente a esta vergonhosa atividade, os danos são mais do que evidentes. Claro que os próprios defensores desta violência sabem que há maus-tratos, não cremos que alguma instituição de ensino de veterinária seja tão ruim a ponto de formar médicos que não tenham conhecimento de algo tão elementar. O que eles na verdade defendem é a “boquinha” dos empregos nestes eventos, para supostamente cuidarem do “bem-estar” de animais que eles próprios permitem e apoiam serem violentados em favor de seus interesses econômicos. A própria classe veterinária deveria cuidar de promover um expurgo destes “profissionais” e ajudar assim a restaurar/preservar os princípios éticos que devem nortear esta linda profissão e que certamente não admitem esta violência contra os animais.

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